terça-feira, 16 de março de 2010

Errado, sim.

"A imagem do teu sorriso
Transpassa portas trancadas
E vem projetar-se a minha frente
Em inoportunos momentos de paz."

Engrenagens, variações calculáveis, máquinas desmontáveis, peças de encaixe. Um movimento padronizado, fixo. Um fluxo constante. Um rosto inexpressivo. Uma alma ausente. Agimos como máquinas, porque? Colocamos as pessoas ao nosso redor numa clausura insuportável, porque? Um passo falso e desmaio. Um olhar e já estou cega. Ah, saudade imensurável do nosso amor! De voar, rir, flutuar ao curso do rio. De tropeçar, engasgar, soluçar por falta de ensaios. De arrepiar ao toque, enxergar o significado daquilo que não tem outro significado senão ser uma troca. E trocar - as carícias que eram só nossas, os beijos em segredo, afagos entre palavras - trocar o imutável que existia em nós.
Saudade do tempo em que eu te observava dormindo, e ao te ver abrir os olhos, dizia - estive brincando com os teus cílios, ainda que você não tenha percebido. E talvez já possa dizer que conheço o gosto de cada milímetro de pele que te faz gente. Ah, saudade imensurável de ter um amor!

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