sábado, 27 de fevereiro de 2010

se apegar é uma merda...mas deixa a vida muito mais gostosa. :')

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Receita.

•uma colher de sopa de açúcar - pra adoçar os abraços;
•uma pitada de sal - pra confundir os sentidos;
•um punhadinho de gengibre - pra dar um leve ardor;
•coentro, alecrim, louro, erva doce, orégano ou canela - pra cada dia vir novo;
•pimenta a gosto. - pra regular a intensidade.
é, tá faltando tempeiro naquele colégio...
•uma colher de sopa de açúcar

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Que cotuca é esse?

Como se não bastasse a sala quente, que cheira bandeijão o dia inteiro e enfiada no fim dum corredor sem graça e excluído, tem uma sensação estranha me sufocando aqui. Eu ando pro aquele lugar, é como se não soubesse onde estou. Não vejo mais os rostos conhecidos, aqueles que a cada passo vinham receber-me com sorrisos. A cota de abraços ficou reduzida. Só restaram os velhos amigos do primeiro ano, com as afinidades desgastadas pelo tempo e o convívio resumido ao que passou. Mas pelo menos são abraços. Não sei quem são os que agora circulam por lá. Primeiro, segundo, terceiro...que diferença faz? Não existem pra mim. É como se eu estivesse em um lugar totalmente novo, ao mesmo tempo que é bem conhecido. Nada mudou. A não ser a ausência dos que eu mais gostava. Ainda tenho minha sala...Ah, grandes amigas! Mas não tem como explicar que falta eles fazem. Os meninos pra falar coisas inúteis, besteiras que meninas não falam. Eles, pra tocar violão, pra me perguntar como eu tô, pra zoar as besteiras que eu fazia.
Era bom. Aquele ansiedade pro sinal bater, pra sair na porta da sala e vê-los fazendo bagunça, pra passar na sacada do pátio e ganhar milhares de abraços, pra cantar alguma música em algum violão. Ah, eu me apeguei tanto, como fui capaz? Não tem mais nada disso. Sair pela porta é dar de cara com sombras, com vultos. Com pessoas que não participaram de nada da minha vida. E pessoas que nunca imaginarão que aquele colégio foi palco pra muuuuita coisa boa.
Ah, sem vocês não tem graça ♪
:/

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Entender não é lógico.

Nessa mania de dizer verdades rindo, na espontaneidade que faz os outros gargalharem, se fazem ouvir coisas tão íntimas que me repreendo de soltá-las.
-pois pra mim é extremamamente importante.
E vem a núvem do bem-estar, e reunem-se as atenções. Me aconchego nos risos, rindo do meu segredo sem querer revelado. Tarde demais.
Então eu volto aos treze anos, na tentativa incoerente entender de onde surgiu tudo isso. E me lembro de uma menina loira que um dia entrou na minha sala, dizendo que não tinha amigos e nós a acolhemos. E ela nos falava dos caras que beijara, das coisas que tinha feito. Ela dizia 'um dia vocês vão ver como é bom', 'um dia vocês vão entender'. E ela me humilhava, porque eu nunca tinha vivido nada, porque eu nunca tinha sentido outros lábios nos meus. E me ensinou que na solidão as mãos ajudam, que insistindo dá pra alcançar lugares altos (que no fundo passam longe de ser o céu). E eu fui uma ótima aluna. Aquele vazio que sempre existiu em mim, aquele colégio que eu odiava, as pessoas me sufocando com suas ofensas, me machucando. Parecia que eu tinha aprendido como me refugiar, ainda que por simples segundos. E era uma façanha. Porque era bom, era uma das poucas coisas boas na minha vida naquele momento.
A garota loira nos ensinou a nos insinuar, a sair com o intuito de atrair. E acabamos nos envolvimentos chulos, naquele primeiro beijo de qualquer jeito, só pra que ela parasse de nos humilhar. E como eu caminhei! Da solidão pro abismo, e eu dependia cada vez mais das minhas mãos. Ou do que aquilo representava pra mim.
Deve ter sido assim, contraí uma doença sem querer, adquiri um vício sem saber que nunca mais conseguiria largá-lo. Quantas são as vezes que estou entretida e minha mente bagunça, que dificuldade eu tenho de afastar imagens de mim! A experiência me levou pra mais longe ainda. E quantas vezes tive de ouvir que estava ficando louca, quantas vezes ouvi que quiçá tivesse algum problema. A falta me coloca num cárcere insuportável, a existência sempre grita por mais. É mesmo um vício. E hoje eu olho pra garota loira, pra'quilo no que ela se transformou, pela fama que tem nos milhares de colégios (inclusive no meu atual) pelos quais passou. E ouso afirmar que se for doença, ela sofre da mesma. E que não tem a mínima culpa na minha situação. Porque são sintomas incontroláveis, atitudes fora do nosso domínio. No fundo, eu sou fraca. É a única razão que justifica tal influência. Porque droga pra mim é algo que o mundo todo considera, apesar de encoberto de vergonhas, saudável. sexo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

engraçado, nunca parei pra pensar que existem seres acéfalos vivos! Onde esse mundo vai chegar?
viva o humor negro o/

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Capítulo 1

"Um atordoante cheiro de velas escorria por entre rosas e begônias que se amontoavam em ramalhetes. Em uma das mãos eu carregava flores que a úmida manhã de janeiro murchara, enquanto puxavam-me com força pela outra, pois talvez eu não quisesse caminhar. Perdida entre pernas, mesmo na ponta dos pés era impossível ver além dos cotovelos dos que estavam a minha frente. Eu acompanhava meus próprios passos num desconhecido tapete, e quando isso me cansava, erguia a cabeça e buscava entre a multidão vislumbrar o céu, onde o sol oferecia tímidos seus primeiros raios. Vestidos escuros cascateavam nos tornozelos das mulheres, enquanto do alto vinha um burburinho que soluçava ao som de violinos chorosos. Preferia não olhar para os lados. Estátuas de anjos com seus olhos fixos em mim, fotos amareladas, letras douradas, flores, pavios queimando incessantes. Cruzes e mais cruzes.
Quero ir para casa, gritei. Ninguém respondeu. Porque estamos aqui, mamãe, papai? Novamente veio o silencio. Apertei a mão que me segurava, me encolhi toda e enchi o rosto de lágrimas. Estava com muito medo e não fazia idéia do que vinha acontecendo. A música cessou e um homem ergueu-me em seus braços. Era meu pai e eu o abracei rindo, enquanto me agarrava ao seu pescoço. Ele nem sequer se mexeu. Não falou, não sorriu. Apenas caminhou comigo até uma grande mesa, onde rodeado de adornos havia um leito. Sobre ele, minha mãe debruçada estava chorando. Tinha o rosto ardendo de tão vermelho, e seus olhos estavam fundos como duas órbitas vazias. Esgueirei-me para ver o que lá havia, e perguntei numa inocência avassaladora:
-Pai, porque Líria está dormindo aí?
Ele continuou mudo.
-Vamos pai! Vamos pegar a Líria e voltar para casa! – insisti.
Ele aninhou minhas mãos em seu peito e chorou. Foi tudo que conseguiu forças para fazer. Ainda assim eu não compreendia absolutamente nada. Soltei-me daquele aconchego e corri até a mesa. Toquei o rosto pálido de Líria, acariciei-lhe os cabelos. Como ela era linda! Corava as bochechas quando brincávamos juntas, puxava minha saia e dizia – brinca comigo Mara! – e riamos as duas na nossa alegria.
-Líria, acorda! Aposto que mamãe fez bolo de chocolate pra gente! – eu disse, fazendo-lhe cócegas.
Mas ela continuou imóvel.
-Ela não vai acordar Mara. – balbuciou rouca minha mãe.
-Porque não, mamãe? – e encarei-a boquiaberta.
-Porque ela... – minha mãe não conseguiu terminar a frase. Colocou-se em prantos, afundou a cabeça no corpinho frágil de Líria e gritou. Gritou como eu nunca antes tinha visto-a gritar. Isso me assustou. De alguma maneira eu precisava ajudá-la, mesmo sem entender ao certo o porque.
Abri os braços e abracei-a. Ela se agachou retribuindo, e pude sentir seu rosto encharcado pulsando ao lado do meu. Continuei ainda, como qualquer criança faria:
-Mamãe, Líria não vai mesmo acordar?
Mal terminei a frase e senti arder em mim um tapa. Um tapa com todas as forças que até então minha mãe usara para se lamentar. Um tapa na minha ingenuidade.
-Menina inconveniente! – esgoelou ela cuspindo saliva – Quisera eu que fosse você aí em vez de Líria. – e fuzilou-me com os olhos.
Senti uma pontada no peito. Claro que seria incapaz de entendê-la, mas independente da minha incapacidade, estava diante de algo que soava amedrontador. Abaixei a cabeça e tive lágrimas para deixar escorrerem quentes e sinceras.
Eu só tinha sete anos. Minha irmã menor estava morta. E minha mãe estava ficando louca."


para MARA.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

sem inspiração.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

insanidade as vezes faz bem,
o céu fica pertinho da terra.
aí a gente se obriga a voltar pra realidade,
porque é impossivel viver nas nuvens.

[recarregaaada] :P

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

tanto tempo depois
eu fui lembrar-me de ti
do amor feito escondido
que ainda arde aqui

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Aprovados mano!

ah cara, eu to tão feliz por você, você nem imagina! ainda que você não se lembre mais de mim, ainda que eu não seja mais nada na sua vida, eu estou feliz em saber que você conseguiu dar esse grande passo :') Eu com certeza quero que você realize as coisas que sonha, e indepentende de onde for, eu torço por você. (ainda que no pensamento, nas vãs idéias e nos perdidos do tempo). Porque sei lá, meu carinho por você é muito, muito grande...e nunca vai mudar.
Parabéns A.
E parabéns Joao, eu sabia que você ia conseguir. Estou torcendo por tudo de melhor nessa nova etapa :')
-Não chora mãe, Deus sabe o que faz...
E nada que eu fizesse poderia mudar o curso das coisas, nenhum insistir traria mais vida. Apenas palavras confortando um coração que escondido do mundo chorava seu filho. Ela soriu. E o infinito engoliu todas as minhas ambições, a digeri-las sem dó. Na minha pequenez, a beira do leito do menino, eu tinha asas para carregar aquela dor, nem que fosse só por um segundo. E por um segundo, eu o fiz.
HC da Unicamp, outra vivência memorável.
Cada vez que eu piso naquele lugar, tenho vontade é de fazer mais. Não ser somente aquela que dedica um domingo, mas aquela que dedica sua vida toda. Eu quero estar lá, do outro lado. E um dia há de acontecer.