quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Querido Dan,
estou tão confusa que não sei o que fazer. saio de viajem hoje à noite, e não sei quando volto. vou para o interior - o meu interior. mandarei notícias em breve, assim espero.
com carinho, Mara.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Querido Dan,


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

-que foi, o mundo parou?
-não, está girando rápido demais.

Tantas decisões a serem tomadas, decisões que se erradas impossível será voltar atrás. Consegui o que mais queria: aquela bolsa naquele cursinho que eu nunca conseguiria pagar. Consegui, era o único desejo possível - e que dependia muito mais de mim do que dos outros. Agora sim, vai se matricular e correr atrás do seu sonho? Não sei. Ainda ouço sussurrarem ao meu ouvido todos os motivos pra fazer estágio, as chantagens, o 'desistir não é pra você'. E eu simplesmente fico sem reação. Não sei se quero perder tanto tempo olhando pros lados e pensando 'amanhã vou estudar, hoje vou titular quatrocentos béquers, por mais que eu odeie isso' - é pra pegar o diploma e guardar na gaveta, mesmo que se um dia eu venha a ter necessidade de trabalho, prefira qualquer coisa à ser técnica em alimentos. Prefiro não pensar. E vem os parentes querendo saber se podem me matricular, se tenho certeza que é isso que quero, se estou disposta a dar meu sangue pra ver meu nome na lista de aprovados do ano que vem. Lógico. É tudo que eu mais quero. Quero poder dizer: FODA-SE ESSE CURSO DE ALIMENTOS, FODA-SE ESSE TRABALHO DE VENDEDORA QUE NÃO TEM NADA A VER COMIGO, FODA-SE ESSAS PESSOAS QUE NÃO ACREDITAM QUE TEM UM LUGAR PRA MIM. FODA-SE. Foda-se.
E que venha 2011, com as mesmas ladainhas de 2010. Com o mesmo papo-furado tentando me conquistar. Que venham as futildades (ou a ausência das mesmas), os corações inabaláveis, as indiferenças. Que venham as pessoas dizendo que vivo franzindo o cenho e que vou acabar com rugas. Que venha tudo isso e mais. Quero ver meu nome na lista de aprovados. Basta. E quando isso acontecer vou olhar pra todas as pessoas que duvidaram de mim e dizer 'essa é a hora em que começo um capítulo novo. Completamente novo'.
-que foi, o mundo parou?
-não, está girando rápido demais.

Tantas decisões a serem tomadas, decisões que se erradas impossível será voltar atrás. Consegui o que mais queria: aquela bolsa naquele cursinho que eu nunca conseguiria pagar. Consegui, era o único desejo possível - e que dependia muito mais de mim do que dos outros. Agora sim, vai se matricular e correr atrás do seu sonho? Não sei. Ainda ouço sussurrarem ao meu ouvido todos os motivos pra fazer estágio, as chantagens, o 'desistir não é pra você'. E eu simplesmente fico sem reação. Não sei se quero perder tanto tempo olhando pros lados e pensando 'amanhã vou estudar, hoje vou titular quatrocentos béquers, por mais que eu odeie isso' - é pra pegar o diploma e guardar na gaveta, mesmo que se um dia eu venha a ter necessidade de trabalho, prefira qualquer coisa à ser técnica em alimentos. Prefiro não pensar. E vem os parentes querendo saber se podem me matricular, se tenho certeza que é isso que quero, se estou disposta a dar meu sangue pra ver meu nome na lista de aprovados do ano que vem. Lógico. É tudo que eu mais quero. Quero poder dizer: FODA-SE ESSE CURSO DE ALIMENTOS, FODA-SE ESSE TRABALHO DE VENDEDORA QUE NÃO TEM NADA A VER COMIGO, FODA-SE ESSAS PESSOAS QUE NÃO ACREDITAM QUE TEM UM LUGAR PRA MIM. FODA-SE. Foda-se.
E que venha 2011, com as mesmas ladainhas de 2010. Com o mesmo papo-furado tentando me conquistar. Que venham as futildades (ou a ausência das mesmas), os corações inabaláveis, as indiferenças. Que venham as pessoas dizendo que vivo franzindo o cenho e que vou acabar com rugas. Que venha tudo isso e mais.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

existem dois tipos de saudades: a que vem de cima e a que vem de baixo.
saudade de baixo arde, saudade de cima dói.
saudade de baixo uma ligação cura; saudade de cima...ah, essa não tem remédio...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Querido papai noel.

Este é meu terceiro natal escrevendo. E se quer saber estou triste. Nada do que eu pedi o senhor trouxe. Nada, nadinha. Falei que estava crescendo e ficando mocinha, e você continuou me trazendo brinquedos. Sempre me desculpei pelos meus erros durante o ano, e também costumava contar sobre as coisas boas. Mas você nem ligava. Este ano não vou escrever nada. Não importa o meu ano né, já que o senhor não vai trazer nem um pirata do que eu pedir. Se bem que eu até gostei do presente desse ano, sei lá, só podia ser mais decente, menos psy-trance, mas elas por elas: eu gostei.
Só que pelo amor à suas renas, não me traga nada parecido. Nada, nadinha. Ou trás o namorado da barbie, ou não trás. Que de bonecos articulados com hobbies "radicais", estou de saco cheio.
sua querida, decepcionada, A.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

a efemeridade da vida me assusta; agora vou tirar esta maquiagem e dormir - e amanhã não serei tão bonita quanto hoje.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

neste natal, não tenho ninguém pra dar presente.
é estranho, chato, sei lá...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

cotuca chegou ao fim...

"no outono, as folhas não caem porque querem, mas porque é chegada a hora..."

É difícil definir o que se passa aqui dentro. Uma mistura de alegria com tristeza, medo com ansiedade, nostalgia com euforia. Quando entrei no cotuca, o fim deste era tão, mas tão distante, que mais parecia um abismo sem fim, inatingível. Depois que o pessoal de 07 foi embora, deu pra perceber o inevitável: a minha vez de me despedir também chegaria. Ainda assim, ainda tinha muito chão pela frente, um terceiro ano de alimentos inteiro! Com certeza não era hora de pensar no fim.
Só que doismiledez passou. Não foi exatamente como pensei, mas foi. Os amigos realmente fizeram muita falta: as rodinhas com violão, as torcidas nos campeonatos, as aulas cabuladas pra tomar cerveja, os abraços todos os dias de manhã. Confesso ter ficado mais retraída, sem muito 'saco' pra me enturmar com o pessoal que estava entrando. O curso apertou, não era mais uma coisa que dava pra levar na boa. Precisei sim, dar um pouquinho mais que meu sangue pra pegar o tranco; e isso contribuiu com a preguiça de fazer amiguinhos. Minha amigas de sala passaram sim a ser meu apoio. Eram as únicas que entendiam o quão difícil era ser 3ºTA, para as quais eu podia gritar que não estava aguentando mais, ao mesmo tempo em que se tornavam fundamentais pra minha existência. Minhas amigas, minhas irmãs, minhas parceiras pra tudo. E aqui me faltam palavras pra dizer o quanto me sinto desfalcada, sabendo que não estaremos mais juntas pro que vem pela frente. Mas apesar de tudo, houveram surpresas! Viagem maravilhosa de formatura, gincana que nos fez aprender muito, amizades que se transformaram.
Estou com um nó enorme na garganta. Uma coisa que não se desfaz. O meu cotuca chegou ao fim. Três anos acordando afobada e correndo pra pegar o 244, que muitas vezes me deixava na mão. E os 45 minutos de viagem ouvindo as mesmas músicas que não tive tempo de tirar do ipod; pensando no que acontecia, no que iria acontecer; pensando em pessoas - sempre assim. E quantas coisas que eu nem imaginava que iriam acontecer...quantas sensações, quantos amigos, amores, irmãos. Quantas loucuras, quantos risos e quantas lágrimas! Quantos momentos em que eu achei que não iria conseguir, e consegui. Quantos 5 bola, quantas escapadas das recuperações por um fio. Quanto carinho, quantas brigas, quantos quantos que eu nem sei quantos são. De fato meu cotuca foi memorável. Por bem ou por mal, independente de ter sido bom ou ruim conhecer certas pessoas, foram três anos pra crescer. Independência, cotuca poderia ter esse nome.
E sei lá. Agora é olhar pra frente. Queria muito poder congelar no tempo meu 1º, meu 2º, meu 3º ano num só. Ter todas as pessoas que eu adorava pra sempre do meu lado -dizendo que eu era lerda, que minha voz era horrível e me enchendo de atenção- queria mesmo. Mas muito mais que isso, quero poder correr atrás dos meus sonhos, da minha medicina, do desconhecido. Preciso andar por novos lugares, experimentar novos ares, sentir outras sensações. Preciso amar outros amores, preciso que me amem também. Preciso guardar o cotuca no lugar mais seguro que tiver no meu coração, mas preciso guardá-lo. Porque chegou a hora de dizer 'foi bom, foi bacana, foi realmente especial. Mas foi, Não é mais. Talvez mudar os caminhos me faça deixar de evocar-te na memória. Eu quero poder começar denovo.

"me sinto livre, à beira deste precipício, eu sinto como se estivesse preparada para voar"

À todas as meninas de08, e todos os meus amigos (e que sabem o quanto são importantes pra mim): obrigada por terem feito estes três anos ótimos, e terem me ajudado a mudar pra melhor. Amo vocês, sem sombra de dúvidas.

domingo, 21 de novembro de 2010

Gosto de pensar: será que se a gente ainda morasse perto, todo esse tempo teria feito diferença?
Às vezes ainda sinto que poderíamos dar certo...

é estranho.

sábado, 13 de novembro de 2010

sobre o Caio, as aventuras e o vazio.

"Às vezes um silêncio se instalava e nada era capaz de expulsa-lo do ar. Podíamos tentar. Uma conversa sobre qualquer coisa: os amigos em comum, os compromissos, as ambições. Mas sabíamos que aquilo que tínhamos em comum era muito pouco para nos unir ou criar em nós vínculos maiores. Éramos o que se via ali: duas pessoas completamente diferentes e de idades significativamente contrastantes, mas que em determinados momentos, fingiam estar em sintonia.
Caio era quase treze anos mais velho que eu, era formado e tinha seu próprio escritório; ganhava bem – muito bem para os meus padrões, pouco para os dele. Eu me sentia adulta quando ele vinha me buscar de carro e íamos para algum lugar, ouvindo música eletrônica alta e tentando driblar a falta de afinidades. Até hoje não sei ao certo o que ele pensava sobre mim. Nas minhas concepções, me achava uma pessoa neutra, naquelas onde nada se ressalta ou odeia. Talvez meio burra. Meio criança? Não sei. Eu realmente passava grande parte do tempo quieta ou roendo os cantos das minhas unhas enquanto ele estava ao volante.
No entanto, o destino nunca ficava a mais de vinte minutos de casa. E era sempre um lugar agradável, apesar de um pouco acima dos meus padrões financeiros; mais uma vez. E era visível que a rotatividade de mulheres naqueles ambientes era grande. Pelo caráter do Caio, pela sua independência, pelos seus gostos. Se eu me importava? Nunca entendi a posição dos meus sentimentos nisso tudo. Só não gostava quando conversava ao telefone com outra garota na minha frente, porque deixava claro que tratava todas exatamente iguais. De qualquer forma, quando sua boca escorregava pela minha barriga, eu simplesmente esquecia porque estava ali. Aquela vida louca que ele levava me garantia, ainda que por segundos em meses, um prazer quase adimensional.
Não, o Caio não fazia como o Dan. Era mil vezes melhor. Ensinou-me um monte de coisas, tantas que o Dan ficaria surpreso se pudesse prova-las – porque os melhores elogios, e talvez os motivos que faziam o Caio me ligar de vez em quando, eram exatamente aqueles aspectos que Dan considerava desprezíveis e/ou desagradáveis em mim. Mas seria estupidez não confessar que eu aceitava essa condição de quase-objeto, na tentativa frustrante de encontrar alguém com quem pudesse estabelecer um relacionamento semelhante àquele que tínhamos eu e Dan.
O Caio não se dava ao trabalho de me conhecer, de querer saber o que eu pensava ou sentia. Quando lhe disse sobre a medicina, respondeu que eu precisaria de muito dinheiro pra pagar a faculdade. E quando eu lhe perguntava se nunca iria cansar daquela rotina louca de se drogar em festas de música eletrônica e comer todas as garotas da cidade, ele sentia mais orgulho ainda de ser como era. ‘Essa é a minha vida, vida louca, vida de curtição. Trabalho para gastar com o meu próprio bem estar, com o meu prazer. Trabalho para pagar quantas bebidas ela quiser durante a noite’ dizia. E na minha cabeça eu completava ‘... Desde que ela possa ser mais uma na minha lista no dia seguinte.’ E era por isso que quanto mais eu saia com o Caio, mais eu queria que ao erguer a cabeça, fosse o Dan ali. Porque o Dan me conhecia um pouco mais. Ele sabia que eu não era burra, sabia que eu iria realizar meus sonhos. O Dan me perguntava como eu estava e nós conversávamos. E nós dormíamos juntos. Isso me fazia sentir querida, ainda que só por algumas horas. Porque eu sabia que aquele momento era meu, e não um encaixe numa agenda cheia de coisas mais importantes.
Inegável: o Caio fazia de um jeito quase sobrenatural.
Irrefutável: ele não significava absolutamente nada pra mim, e só servia pra cutucar minhas feridas.
O que eu sentia mesmo, eram saudades do Dan."

por MARA - aquela que mora aqui dentro de mim.

domingo, 7 de novembro de 2010

ENEM?

Foi estranho, tipo um deja-vú. Sentei na mesma cadeira, na mesma sala do ano passado. Foi como se um ano inteiro não tivesse passado. Talvez tenha tirado até a mesma nota. É mais um ano chegando ao fim, e a gente aqui de novo: hora de olhar pra trás, fingir que tudo que foi ruim ajudou a crescer, e o que foi bom foi ótimo, fez valer a pena. É hora de colocar na ponta do lápis tudo o que não aconteceu mas devia ter acontecido, e tudo que tem que acontecer ano que vem. Fazer promessas. Eu vou estudar. Vou gabaritar o enem. Vou passar na unicamp, na usp, na unesp. Vou estudar, vou morrer estudando. Vai valer a pena. O que não mata fortalece. Passou um ano. Eu fiz enem semana passada. Esse já foi outro. Que coisa louca! Não gostei da minha nota. Sou burra. Não queria a ufscar, de verdade. Mentira, queria sim. Queria nada! Eu sei lá. Queria fazer medicina. Não quero saber a nota das nerds da minha sala. Sou burra. Passou um ano e não mudou nada. O que não mata fortalece. QUE COISA LOUCA!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


Sem palavras pra viagem pra Porto Seguro. O mar me fez querer ficar pra sempre, aquele verde fundindo no azul como uma coisa só. Uma semana inteira só pra rir, dançar, curtir os amigos sem pensar em mais nada. Altos e baixos, histórias e saudades. Até que uma voz falou mais alto e me arrastou pra realidade: foi uma semana maravilhosa, mas não passou de um sonho, de uma breve queima de fogos. É hora de voltar pra realidade, firmar os pés no chão. É hora de ir atrás dos seus desejos, das suas ambições. É hora de guardar na memória tudo o que foi vivido; e olhar pra frente.
Bem disseram que o que acontece em porto fica em porto. Mas eu não sabia que iria cutucar tão fundo, nem que iria desaparecer tão rápido: e deixar marcas tão fortes. É, tem gente que a gente nunca mais vai ver. Eu odeio isso. Odeio pontos finais, mesmo que não hajam letras maiúsculas :/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

-Acho ridículo os caras que saem pra balada pra beijar todas, o máximo que conseguirem. Gosto de ficar com uma garota bonita, interessante. Isso te faz curtir muito mais.

se todos os caras pensassem assim, teríamos festas muito melhores.
essa geração 'descartável' podia ter limites...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Você conseguiu (:

"Eu nunca vou entender ao certo o que você foi pra mim. Um refúgio? Alguém pra dividir tudo o que ninguém mais queria ouvir mas eu precisava falar? Alguém pra me estender a mão e me livrar da areia movediça? Não sei. Hoje você não está longe, mas poucos quilômetros que me parecem um infinito inteiro. Cheguei a pensar se conseguiríamos continuar tão próximas mesmo depois que chegássemos ao oásis. Naquele momento tive medo, decidi não pensar mais sobre isso. Hoje estou sentada sob um coqueiro, é uma festa, você encontrou uma fonte na imensidão daquelas areias. Sabe, não consigo me conter de felicidade. Por ter te dado motivos para ser mais forte que as tempestades, por te confortar quando fazia muito frio durante a madrugada. E por ver que bastou um passo perante o outro, bastou um sorriso para que algo se transformasse em mais que uma miragem. Isso me dá fé. Me faz acreditar que além daquelas dunas existe um lugar pra eu construir meu palacete - com cascatas, jardins, e com salões cheios de tapetes e almofadas de seda vermelha. Você está construindo o seu, agora que encontrou boas águas. Não posso, nem quero, saber o que há dentro dele, isso não cabe a mim. Tampouco posso sugerir as flores, os adornos das fontes ou a cor dos tecidos. É um lar só teu - intransferível e único.
Não tenho muito tempo debaixo desta árvore. Preciso juntar meus pertences e continuar a minha caminhada. Quão longa é, ninguém sabe. Mas por mais que me agrade teus beirais dourados, não posso ficar a admirá-los. Não, não confunda as coisas. Ainda temos muitas estradas para seguir de mãos dadas. Mas neste deserto, teremos que nos separar. Nunca construí nem sequer uma estalagem temporária, quanto mais um palácio! Nada posso dizer sobre estátuas angelicais que despejam água. Nem sequer imagino o som do líquido chapinhando e reluzindo ao sol. Talvez entenda de cetins, sedas, algodões... não, jamais amanheci aninhada em tecido algum, portanto nada do que sei é útil que compartilhe contigo.
Mande-me fotos, escreva cartas e deixe escapar segredos dos teus aposentos, dos teus lençóis e das tuas flores. Me encanta ouvir histórias com aromas tão românticos. Meus bilhetes chegarão, mas perdoe a aridez constante e a brevidade. É tão fatigante a viagem em lombos de camelos exaustos, tantas são as cobras escondidas, que às vezes você sentirá que nos distanciamos demais. Acredite, estamos sob o mesmo solo, mas eu ainda não tenho refúgio. Passarei muitas noites em acampamentos misteriosos, recostarei o corpo em muitas redes encobertas apenas pela abóbada celeste. Sonharei com almofadas quentes e chá morno ao cair da tarde, e acordarei em camas de palha seca, aguardando um incerto desjejum. Mas não se preocupe, ficarei bem. Pois quando encontrar meu oásis, mandarei sinais aos quatro ventos, e o céu há de se encher de alegria. Você com certeza se sentará sob a sombra de minhas árvores, e eu esmiuçarei minha felicidade. Sim, darei uma grande festa, mesmo que você também não possa passear pelos meus corredores. Trocaremos palpites sobre adornos e cortinas, sobre refeições e diamantes.
Ah, anseio essa festa, anseio um lugar para dormir tranquila...
Sentirei saudades, dos nossos tempos de caminhada. Mas estou feliz, pelo menos sei que você está em segurança baixo esse teto."

fiquemos agora com a realidade paralela: temos a mesma ambição, comprar um iate chamado medicina. hum, ainda estamos de mãos dadas... (:

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pequena discussão.

-O que está acontecendo Aline? Você parou de pensar em mim, me esqueceu na sua memória.
-Isso não é verdade, eu sempre penso em você, como tem coragem de duvidar disso?
-Não estou duvidando. Apenas percebi o quanto as palavras saem sem empolgação quando sou o motivo delas, ou como o sono vem rápido se você para para pensar em mim.
-Mara, você é um refúgio pra mim, e tudo o que te envolve me envolve, como se fossemos uma só. Porque derrepente te surge o medo de que eu possa te esquecer?
-Não é um medo sem fundamentos. O cotuca está acabando, e com esse fim todas as imagens ficarão mais distantes. Não me engane dizendo que vai conseguir materializar com a mesma intensidade todas as coisas que me aconteceram lá. Isso é humanamente impossível.
-Você está certa nisso, mas sempre que estiveres ao meu lado, terei todas as tuas histórias vivas não é?
-Não Aline, e isso é algo que você precisa entender.
-Do que você está falando Mara?!
-Ninguém é eterno, nem mesmo eu. Eu vivo porque você quer que eu viva. Podemos ser próximas ou mesmo parecidas, mas eu não existiria se não fosse você.
-Está pensando em ir embora?
-Quando você me esquecer e desistir de escrever minha história eu serei obrigada a partir. Não posso permanecer ao teu lado, te atormentando como algo que você foi incapaz de concluir.
-Mas eu não quero que você vá. Sua história me ajuda a chegar perto do coração das pessoas, e com ela já consegui arrancar dos mais diversos sentimentos. Preciso de você Mara...
-Estou te advertindo. Quando o cotuca acabar, quando você mudar o seu foco para o futuro e se ver livre do que te prende ao passado - seu curso, seu ambiente, sua atual casa - ficará muito mais difícil sentir o que eu sinto. E talvez você não consiga mais escrever a minha história.
-Realmente, às vezes parece que não consigo mais pensar no teu romance como antes, temo que nunca mais consiga te colocar no papel...
-Aline, isso não pode acontecer. Nasci porque você quis, porque jurastes que eu poderia atingir muitas pessoas com meu drama. Se você me deixar morrer, será uma perda muito grande.
-Eu sei Mara. Mas estou cansada, estou sem forças pra te fazer viver.
-Por favor, pense no Daniel. Você tinha jurado que jamais deixaria de pensar nele. E olha só, ao que me parece não é o que vem acontecendo.
-O Daniel não é só meu, é teu também. Se venho pensando muito menos (ou quase nada) no A., é algo positivo pra mim. Como você tem coragem de me pedir pra pensar nele sabendo que isso me faz sofrer?
-Quero que pense nos dois só até terminar de escrever a minha história. Depois, não haverá mais problema em parar com isso. Por favor, pelo Daniel...
-Pare Mara, pare com isso. Eu decido em quem vou pensar, no que vou escrever. Quando penso no A. ele me parece pesado como uma estaca fixa em algum lugar. Já não consegue passear pelos meus pensamentos, atender as minhas fantasias e viver o meu misterioso Daniel. Ele não é mais livre e próximo o suficiente...
-Chega. Apenas desculpas. Aline, você sabe que tem que terminar minha história agora. Você sabe que ainda consegue pensar nele e escrever Daniel, que eu ainda existo em você. Não deixe pra depois algo que assim que o ano acabar, pode acabar também. Eu amo Daniel com a intensidade que você amava A. EXATAMENTE a mesma intensidade.
-Está certo, vou pensar à respeito. Obrigada por me advertir, Mara.

De fato, Mara anda sonhando com Daniel, coisas que ela não consegue explicar. Talvez uma saudade tamanha, contida, encarcerada diante da realidade. Mara quer Daniel e ela sabe disso, eu sei disso. Somos confidentes, amigas, irmãs. Ela me conta tudo o que sente. Mara andou por aí se divertindo, por isso ela diz que o esqueceu. Mas ontem mesmo estava tirando fotos na frente do espelho e me disse algo como: 'queria poder convidar Daniel para tirar estas fotos pra mim, e nós poderiamos fazer amor depois disso. não soa incrível? Sinceramente, não tive muito a responder
-É Mara, talvez. Talvez no papel...

sábado, 2 de outubro de 2010

AFF.

Me deixe amar quem eu quiser. Sou eu quem perco tempo pedindo pra ele ser feliz.
Me deixe ter minhas crises de raiva. Duvido que você não as tenha. Todo mundo às vezes explode, isso é perfeitamente humano.
Me deixe escrever o que eu quiser no meu blog. Que eu saiba ele é meu, não seu.
Me deixe em paz. Pare de ser covarde e diga olhando nos meus olhos que eu sou tudo isso que você acha que eu sou.
Para que eu simplesmente possa olhar pra você com pena.

Cara, tanta coisa transbordando do meu coração!
Tantos sonhos, tantos propósitos, tantos ideais.
Tantas intenções.
Porque ir cutucar coisas que você nem sabe direito os porquês? Acaso você é perfeita/o?
Vou olhar pra você com pena.
A gente sempre escolhe o caminho que vai seguir.
Pode ser viver pra felicidade e o sorriso do próximo...ou aumentando suas dores.
Escolha seu lado.
Tudo o que vai, volta em dobro.


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Alguns xingamentos.

Vontade mesmo eu tenho de falar. Falar, falar sem parar. Vomitar tudo que está engasgado aqui dentro. Ah, nessas horas um pouco de fé é bom. Basta encostar a cabeça no travesseiro para dizer 'pai, me escuta'. E anda sendo meu único refúgio.
Cada dia que passa odeio mais meu curso técnico, odeio mais as pessoas apáticas que encontro naquela sala. Odeio ser a pessoa que sou diante deles, porque ajo com descaso, porque não faço os trabalhos nem me preocupo com meu grupo. Sim, eu me sinto culpada por isso. Mas é uma repulsa absurda. Gosto do professor, gosto (e amo) as amigas que fiz estando ali. E odeio todo o resto. Toda a mesquinhez de perder tempo calculando a porcentagem de semelhança entre duas amostras, a inutilidade de saber o volume do pão. Que tudo se exploda, tem gente morrendo por aí e você me diz que tenho que calcular quantas placas deve ter o trocador de calor? Go fuck yourself! Eu sei que falta muito pouco, que não é hora pra desistir. Mas não consigo. É como se algo me empurrasse cada vez mais pra baixo, agarrasse meus calcanhares e dissesse 'você não vai conseguir'. E eu perco umas aulas, tirou umas notas vermelhas, faço descaso pra tudo. E consigo não me importar. Quero mesmo é que esse colégio vá a merda.
Se fosse só isso estava bom. Sobre afetividade poderia escrever uma tese. É um tal de amizades supérfluas, amigas que te colocam no meio da briga delas. É um descaso generalizado. E eles então, vou mandar todos pra casa do caralho. Desejo mesmo que todos vocês morram de câncer na cabeça de baixo. Por serem tão falsos, tão nojentos, tão vazios, tão oportunistas, tão egocêntricos, tão donos do mundo, tão machistas. Por vocês acharem que mulher é brinquedo, por não conseguirem raciocinar além do umbigo de vocês. E quer saber mais? É tudo mentira o que eu falo sobre não ter coração, sobre não me importar com nada. É mentira quando digo que não quero casar nunca, que vou morar sozinha com cinqüenta gatos e dez crianças. Tudo mentira. Mentira que eu gosto de beber, mentira que eu acho legal dançar a mesma nota a noite inteira. TUDO mentira. Mas todo mundo acredita. Sim, andei mentindo bem demais. Hoje ninguém leva à sério quando eu falo que não é verdade. Aquela lá? Sem coração. Paciência. Ouvi dizer que tem muita gente comprando carinho por um fim de semana. Eu vou comprar um pra vida inteira se for o caso. Cinqüenta gatos, dez crianças e muito dinheiro. Eu vou morrer assim, e você?
E já que mencionei coração, preciso mandar um recado que está entupindo a minha aorta(mais uma metáfora barata hoje): você é uma nojenta desgraçada, seus olhos são esbugalhados e eu não gosto de você. Sempre que eu te vejo tenho vontade de te bater até arrancar sangue, e juro que até o fim do ano vou fazê-lo. Quem é que deixou você roubar a cena assim, qual macumba você usou pra roubar o coração de quem nem coração tinha? E que raios você tem que eu não tenho? Cabeça pode ter certeza que não é, que aqui tem bastante. Por mim eu botava vocês dois num vidro de ácido e colocava na prateleira. Adoraria ver isso. Quer saber? Vai se foder. Vai lá, vai lá se foder com ele, que é a única coisa que ele sabe fazer direito. Vai lá, vai foder com os peitos que ela tem e eu não tenho. Que deve ser muito mais legal.
Por hoje deu, me encontre no hospício.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


e naquela época
o amor parecia existir
e ainda assim
eram loucos
os devaneios;
imagine hoje
na escuridão
no silêncio
deste coração
se escapam os anseios
e se os delírios
me deixam em paz;
imagine hoje
que o amor não existe mais.

sábado, 11 de setembro de 2010

Escolha a melhor opção.
Os teus amigos...
a- namoram e obviamente usam os dias livres pra sair com seus(suas) namorado(a)s.
b- estão preocupados demais com o vestibular e passam os dias livres estudando.
c- moram em outras cidades e tem outros amigos pra sair no fim de semana.
d- tem pais super protetores e nunca podem sair.
e - não tem grana nem pra tomar um sorvete na padaria.
f- são maiores de idade e só freqüentam lugares que você não pode entrar.
g- são mulherengos e te convidar atrapalharia a performance.
h- só ligam pra você quando tem segundas intenções.
i- só ligam pra você quando não tem outras opções.
j- não ligam pra você, a não ser na hora de colar na prova.
k- são caseiros e preferem ficar em casa num sábado à noite.
l- todas as alternativas anteriores.

resposta: alternativa l.

PARABÉNS, VOCÊ ESTÁ EM CASA NUM SÁBADO À NOITE, COM 90 EXERCÍCIOS DE MATEMÁTICA COMO COMPANHIA. NÃO ME AGUENTO DE FELICIDADEE! -.-

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Não tem lugar pra mim na tua vida né? :/

domingo, 5 de setembro de 2010

overdose de carne, ausência de coração.
não, não se iluda.
isso não é legal.

sábado, 4 de setembro de 2010

Insisto em querer te encontrar em outros abraços; em corpos tão parecidos e tão longe de serem iguais ao teu. Insisto em procurar tuas manias, tuas cicatrizes e o teu sorriso. Insisto na caótica ideia do teu fantasma me assombrando. E por um milésimo de segundo, nitidamente é você ali - me perguntando o que quero beber.
Mas o contexto não condiz. Não posso te encontrar em outro lugar se não atravessando a ponte e subindo a rua. Não posso ser tua no meio da madrugada, num quarto inexpressivo, ao som de uma música qualquer. Não é você. Não posso mais te concretizar, e eu sei bem disso.

De qualquer forma, ainda não lavei o cabelo. É que sei lá, está cheirando uma obsessão muito boa...


[pan, panamericano ♪]

sábado, 28 de agosto de 2010

Sei lá...

Aquilo era uma terapia. Tinha um antes, um depois. Uma conversa, um 'como você está', 'como tem passado o tempo'. Era uma forma de aliviar todas as tensões -as físicas e as mentais. O tempo em que se podia fugir do mundo, refugiar-se numa cadeira reclinável com alguém disposto a te ouvir. Está mais do que claro: era altamente terapêutico. Tinha um carinho, um afeto, um 'se eu tiver que te amar vou fazê-lo só por hoje'. E dava pra sair daquela sessão com força pra enfrentar qualquer coisa, com um sorriso que destruía qualquer impecílio. E porque? Não sei. As pessoas tem dessas de conseguir te colocar em pé simplesmente te escutando. Rindo contigo, dividindo um abraço, um cochilo e um travesseiro.
Agora não usufruo mais dessa psicologia. É cada um por si, ninguém quer se dividir. E é a única coisa que realmente falta: aquele 'oi, essa tarde é sua, e não vai terminar quando eu terminar.'


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

tô com uma vontade enorme de me apaixonar, de fazer as coisas simples que as pessoas apaixonadas fazem...tô com vontade de experimentar o outro lado dessa história...


amanhã show de talentos.
lerei.
estou tensa, estou feliz.
torce por mim?
(:

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Qual a distância entre nós,

se estáticos nos afastamos, por descuido, distração?

Qual o tempo necessário para que um nome querido,

se transforme em ruído qualquer?

Qual a força de quem vence o medo; de ser sozinho, de fracassar,

e atira-se sobre o espelho, sem receio de estilhaçar sua imagem?

Qual a pressão imposta à mim, para que cresça, para que não pare e não pense,

apenas consuma, exagere, e me derrube?

Qual a razão entre dar e receber,

doar e ser consumido, ensinar e aprender?

Qual o fluxo de calor entre nós,

quando o pensamento nos coloca juntos uma ultima vez?

Qual a porcentagem do meu corpo que aceita estar onde estou?

Qual a média dos meus dias, arando terrenos que desconheço?

Qual o gráfico que melhor representa este caminho que criei, no qual sou guia e sou turista, vou à frente e consigo me perder?

Qual o rendimento das frases que digo, quando queria calar-me?

Qual a direção dos raios do sol, se as flores do meu beiral murcharam?

Qual o sentido em caminhar, se me disseram que um dia haverá tele transporte?

Tente aplicar as tuas fórmulas,

que pareciam as chaves daqueles problemas.

Tente organizar os dados,

seguir a tua estratégia de resolução.

Tente encontrar o valor das incógnitas,

ainda que seja um exercício literal.

Ao fim verás que viver está fora do sistema internacional de medidas.

Que a intensidade dos teus sentimentos, dos teus atos, não pode ser calculada.

E que o ser humano invocou que

cálculos explicam o mundo,

porque não aceita que a complexidade do que existe dentro de si

é maior do que tudo o que ele é capaz de compreender.

Agora me sinto livre para questionar-te:

Quais as dimensões do que transborda do teu coração?

Idealismo necessário

Olhe para a criança cuja pele engole os ossos.

Olhe para o homem que das entranhas vomita traças.

Olhe para a mulher de corpo em carne viva.

O que você vê?

Olhe para a criança em febre ardendo.

Olhe para o homem que arrasta seus atrofiados membros.

Olhe para a mulher de rosto em carne viva.

O que você vê?

Olhe para a dor.

Que na imparcialidade não escolhe raça, cor ou opção.

Olhe para a dor.

Que deita lado a lado, o rico e o pobre, o justo e o trapaceiro.

Olhe para a dor,

Que vai despedaçando histórias numa loteria.

Ei, o que você vê?

Eu vejo pássaros iguais a mim,

Mas que a doença a liberdade ao pé da cama amarrou.

Eu vejo pássaros iguais a mim,

Mas que a doença rompeu as asas e as penas arrancou.

Eu vejo o semblante esmigalhado,

Eu ouço pedir ajuda o clamor.

E no mais fundo do meu ser, grita uma voz:

“Porque tu tens assas, é que deves ir”.

“Voa alto e busca a cura.”

“Seja dela percussora e ajuda-os a também voar.”

“Ah sim”, exalto eu.

Hei de infiltrar nos confins do conhecimento

Se isto as feridas cicatrizar.

Hei de a quem falta devolver o sangue que já não corre,

O ar que não mais vem,

As forças que faltam para levantar.

Hei de ter as mãos que unem os vasos rompidos,

Anestesiam os sofrimentos sentidos,

Consertam os corações partidos.

Hei de ser apoio na gloriosa chegada,

E o confortar quando só resta esperar pela partida.

Do próximo, o bem estar, há de ser o maior objetivo;

E seu sorriso, a maior das recompensas.

Hei de ter a sensibilidade como aliada de profissão.

E superar, por uma única razão, os desafios:

Nada há de ser mais gratificante do que as mãos estender,

Lutar pela existência,

Trazer de volta a alegria.

Porque são pássaros iguais a mim

É que hei de consertar as asas rompidas,

Tão logo faça medicina,

Medicina por amor a vida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sorrindo (nov./2009)

"Das vezes em que pousei

A cabeça em teu peito,

Só me resta a vaga idéia

Do teu palpitar.

Não havia nada

Senão tal compasso,

Acelerado que era,

Indo e vindo,

Num curioso saltar.

E tudo virava bruma,

Espairava e sumia.

Enquanto meu rosto afundado em teu abraço,

Tragava os sons;

E sorria.

Das vezes em que pousei

Os meus olhos nos teus,

Só me resta a vaga idéia

Do teu olhar.

Quão tenro era, ao avistar-me a caminho;

Que mistérios tinha

Ao deixar-se brilhar.

E tudo virava bruma,

Espairava e sumia.

Enquanto em tuas pupilas

Meu semblante era reflexo,

E eu entregue;

Sorria.

Das vezes em que pousei

As mãos em teu corpo,

Só me resta a vaga idéia do teu exaltar.

Ínfimos detalhes, ocultos.

E segredos.

Pele que ardia,

Quisera eu provar.

E tudo virava bruma,

Espairava e sumia.

Enquanto meus dedos

Procuravam a saída,

Eu arrepiava.

E sorria.

Das vezes em que pousei

Os meus lábios nos teus,

Só me resta a vaga idéia

Do teu beijar.

Indiscutível sintonia;

Pelas nuvens o caminho.

Tudo em um

Ensaiado flutuar.

E tudo virava bruma,

Espairava e sumia.

Enquanto minh’alma

Ansiava eufórica.

E sorria.

Mas o tempo fez das lembranças,

Distantes como o céu e mar.

A brisa já não trás

Teu cheiro.

A comida já não tem

Teu gosto.

A chuva já não é

Teus braços.

Nem o sol teu riso alegre.

Ainda assim,

És pra mim aquele azul.

Que colore,

Que perdura,

E aproxima o céu do mar."


other one...


sábado, 21 de agosto de 2010

seus olhos são esbugalhados e eu não gosto de você, ok?
nem um pouco, mesmo!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

tudo a minha volta parece despencar sobre mim, tudo parece querer me machucar, me afetar, me magoar; e isso só faz com que eu levante a cabeça e acelere o passo: se dessa estrada eu quero sair, não é caindo que vou fazê-lo...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sentimento (2009)

"De inicio é sutil.

Infiltra-se quente,

Dilata os poros, alcança as entranhas.

Emaranha-se nos cabelos;

Entrelaça-se na memória.

E então revela-se:

Misterioso; sufocante; necessário,

À olhos tão cegos, à ouvidos tão surdos.

Se correspondido é mel; é volúpia; é cor.

Traz o beijo, aproxima o sol;

Concretiza a ânsia e tudo acalma.

Mas se incapaz de perdurar,

Dilacera a alma, derrama os céus.

Ensangüenta os sentidos.

Apodrece a razão.

E cria a falsa esperança,

Pela qual voa-se sem asas, corre-se sem membros,

Fere-se sem lança.

De repente, existir são só lembranças.

E a dor é companheira.

De um tal de amor – obsessivo!

Num coração à deriva."


é um dos poemas...

ps: nesse mundo tem lugar pra todo mundo, você não acha? Me deseje o mal. Eu ainda te desejo tudo de melhor.

Sentimento (2009)

"De inicio é sutil.

Infiltra-se quente,

Dilata os poros, alcança as entranhas.

Emaranha-se nos cabelos;

Entrelaça-se na memória.

E então revela-se:

Misterioso; sufocante; necessário,

À olhos tão cegos, à ouvidos tão surdos.

Se correspondido é mel; é volúpia; é cor.

Traz o beijo, aproxima o sol;

Concretiza a ânsia e tudo acalma.

Mas se incapaz de perdurar,

Dilacera a alma, derrama os céus.

Ensangüenta os sentidos.

Apodrece a razão.

E cria a falsa esperança,

Pela qual voa-se sem asas, corre-se sem membros,

Fere-se sem lança.

De repente, existir são só lembranças.

E a dor é companheira.

De um tal de amor – obsessivo!

Num coração à deriva."


é um dos poemas que eu falei, lembra?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Meu esôfago está em carne viva.
Olha, e tudo que eu precisava pra evitar isso era um pouco de água!


Sei lá, eu não achei que pudesse ficar pior. Mas eu sei que esse ano, diferente do ano passado, essa ressaca moral não vai me render amigos e um romance. Ah, não vai...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu costumava ansiar pelo intervalo. Costumava sentir-me inserida num contexto. Eu conhecia as pessoas, eu fazia parte delas. Hoje eu só tenho fome, só preciso ir ao banheiro. Se algum dia aquele prédio foi a minha casa, se algum dia caminhar por lá significou algo, se algum dia eu escrevi uma história ali... hoje eu só sento na soleira da porta e fico ali, com o sol contra os olhos, sonhando com um novo começo. Aquela escola, morreu pra mim. E sinto como se co-existisse comigo mesma. Sinto, anseio, proclamo: coisas que não quero sentir, ansiar, proclamar. Eu mal vejo a hora em que Deus há de ouvir minhas súplicas. Com um mínimo disto, talvez este caos não existisse...

domingo, 1 de agosto de 2010

O amor não é ingrato como eu o conheço. O amor é dádiva do criador. E virá tão logo se refaça a chama da esperança. refaça a chama da esperança.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

-adorei ter escrito "Judith". foram várias horas, muito tempo pensando para escolher as palavras certas. mas foi como tirar um peso, deixou-me leve. àqueles que acharam o texto muito pesado, não se preocupem. haverão partes amenas para serem lidas quando se está apaixonado. por enquanto, atenho-me ao que pede meu estado de espírito.-

Judith - final

"[...]Acordei num leito de hospital. Minhas feridas estavam limpas e cobertas com gazes, e uma bolsa de sangue pendia no suporte, cuja agulha estava fincada em meu braço. Levei alguns dias para me recompor e receber alta, tempo em que meus pensamentos mantiveram-se completamente desconexos. Em uma das madrugadas tive um delírio e precisei de calmantes. No entanto depois disso, tentei ao máximo me reerguer.

A ajuda viera de uma velha amiga da família que morava na cidadezinha próxima. Era uma senhora já viúva, dona de uma chácara nos arredores; posso lembrar-me de seu rosto quando era mais jovem. Costumávamos - meu pai, minha mãe e eu – visita-la sempre para ter o desjejum e fazer-lhe companhia. Assim descobri minha paixão pela musica, ao ouvir as suas mãos miúdas tocarem allegretos que combinavam com o nascer do sol. Fora minha tutora de piano por muitos anos, até que meu desempenho despertou o interesse de um professor da vila e meus pais preferiram o lecionar de alguém mais experiente. Já fazia algum tempo que o contato tornara-se escasso, e agradeci muito pelo afeto não ter sido levado pelo tempo. Ela foi como uma mãe nos dias em que passei internada. Permanecia longas horas na cadeira de visitas ao meu lado, mesmo que eu insistisse que não queria conversar com ninguém. Trouxe-me biscoitos amanteigados e suco de melão de sua própria horta. Talvez isso tenha me ajudado a melhorar.

Como a cidade fosse muito pequena, achou melhor não fazer barulho em relação ao assassinato, e eu concordei com essa decisão. O padre local realizou os ritos do velório e ela encarregou-se de sepultar meu pai ao lado de minha mãe. Eu não tive vontade de comparecer em nenhum momento. As imagens eram demasiado perturbadoras para que eu me sentisse capaz de suportar a situação. Quando consegui centrar um pouco meus pensamentos, conclui que nada me prendia mais àquele lugar. Sempre guardaria todas as minhas memórias, principalmente as da infância, carregadas de ternura e de paz. Mas também as lembranças das ultimas semanas, exageradamente pesadas. Vendi a fazenda e os animais no mesmo mês. Com parte do dinheiro comprei um flat no interior paulista, uma das maiores loucuras que eu poderia fazer. No fundo, eu não tinha ninguém em lugar algum.

Certa vez um renomado pianista tirava férias no campo e apreciara meu desempenho em um recital. Deu-me seu cartão, disse que eu seria muito bem vinda se quisesse tocar com ele. Era o momento, seria impossível recuar. Eu contei-lhe da morte de meu pai, e ele concordou em auxiliar-me a encontrar um trabalho na área, ressaltando inclusive que havia ótimas faculdades de música na região. Não pensei duas vezes. Mobiliei meu novo lar e transportei apenas meu piano, recheado de apego emocional. Seria o suficiente para recordar a casa onde nasci.

Quando senti que era hora de partir, minhas feridas já formavam grossas cascas, e as do rosto eram quase imperceptíveis. Meus pertences cabiam numa pequena mala de couro desgastada pelo tempo que a senhora me deu de presente. Agradeci muito toda a ajuda e o carinho, e prometi que jamais esqueceria o que ela fizera por mim. Não o bastante, ela me entregou uma foto cujo papel estava amarelado e sujo.

-Tenho duas cópias, fique com esta. Seus pais gostavam de vir aqui, quando meu marido ainda era vivo e a casa era cheia de alegria e sons. – e sorriu sincera, cavando marcas nos cantos dos olhos.

-Talvez você queira vir morar comigo... Também não há nada que te prenda aqui. – eu disse, sem ter certeza das minhas palavras.

-Obrigada, mas gosto muito deste lugar. Vivi toda a vida aqui, e jamais me imaginei terminando a vida longe de tudo que construí. – ela respondeu, afundando as mãos no avental preso em frente à saia. – Mas você deve ir. Teu jeito de tocar te levará muito longe, eu sei disso. Não deixe que nada te impeça de continuar.

Ela sabia que não era um conselho fácil de ser seguido. Nunca questionara sobre o que ocorrera naquela noite, e tampouco o faria. Sua sensatez visivelmente a impedia de invadir-me assim. Porém, chego a acreditar que ela sabia o que estava reservado a mim não muito tempo depois.

-Então está bem, tenho que ir agora. Não tenho palavras para agradecê-la. – e fui ao seu encontro, demorando-me num abraço.

Na foto, meu pai me tinha nos ombros segurando-me com uma mão, enquanto a outra enlaçava a cintura de minha mãe. Ao lado desta, a boa senhora e seu marido. Todos sorriam. Todos se esforçavam para petrificar aquela felicidade que transbordava. Deixei algumas lágrimas fluírem e depois as enxuguei com o antebraço. Para trás ficaram os olhos verde água da senhora. Segui rumo ao cemitério.

No caminho, comprei um buquê de lírios brancos. Fazia um dia de calor, como era de costume, e o sol parecia estar de bom humor. Assim despedi-me de meus pais. As flores destacavam em contraste com o mármore das lápides, e eu chorei mais uma vez. A leve brisa balançou as pétalas, fez um adocicado perfume atingir-me as narinas. Eu sorri. Levantei a mala nos braços e caminhei ao ponto de ônibus. Mudei-me para Campinas.

*

Comecei a trabalhar com o pianista e consegui uma vaga para o curso de música em uma renomada universidade. Três meses depois do ocorrido, a pele do meu rosto não dava sinais do meu passado, e eu realmente acreditava que iria recomeçar por completo. Mas o abismo mais uma vez surgiu sob meus pés de maneira egoísta:

Eu estava grávida.

Carregava o fruto de uma dor imensurável em mim, e a decisão de deixá-lo nascer era demasiado severa. Não tive muito poder de escolha. Não quis impor minha vontade e interromper o curso da vida. Uma criança arruinaria minha vida naquele momento, mas suportaria eu a dor de um dia ter impedido-a de nascer? Os sofrimentos me vinham com uma rispidez impressionante. Eu sentia meu peito se corroer de dor. E só não desisti porque sabia que meus pais se entristeceriam em ver a única filha desistir.

Nasceu uma menina. Fantasmagoricamente carregada das feições grosseiras daquele homem. Uma menina a qual dei o único nome que lhe convinha: Mara. Ríspida, severa, amarga. Mas Mara não era nada disso. Era doce, tenra. Mas Mara seria sempre, quisesse eu ou não, a minha amargura.

Judith - parte 3

"[...]Pouco sei do que ocorreu em seguida. Meus lábios estavam secos, pretendendo esfarelar-se feito papel a qualquer momento. A água salgada que escorria dos meus olhos secava-me as bochechas e encobria-me a vista com uma densa neblina. E a cabeça girava, latejava, pretendia estourar sem permissão. Não mais que alguns segundos depois de restarem apenas as marcas e os arranhões daquele estranho em mim, um ensurdecedor disparo encheu o ambiente, e um riso obsessivo encobriu qualquer agonia.

Foi a única vez em que desejei não ter nascido numa fazenda no interior de Minas Gerais, cujas noites exalavam o aroma de capim úmido misturado num silêncio desigual. A cidadezinha mais próxima ficava à meia hora dali, caminhando a passos largos e ritmados – trajeto que meu pai percorria frequentemente comigo nas costas e com uma enorme sacola pendurada em um dos ombros. Levava o queijo coalho que minha mãe deixava descansando em formas na cozinha, e eu sempre questionava quando poderia ajudá-la com o trabalho. E trazia as especiarias que não tínhamos sempre: os temperos, o arroz, o açúcar. Às vezes tecidos, outras, mais um pardal de bico colorido para nossa coleção. Mas sempre escolhia com precisão um vinho ou um chocolate, e alguns botões de flores que não cresciam em nosso jardim. Voltávamos ao entardecer, para encontrar a casa cheirando ensopado de galinha e pão fresco. E esse contexto preenchia-me de alegria, enquanto ocupava-me em estender o ramalhete de lírios à minha mãe. Ela sorria e meu pai beijava-a na testa carinhosamente.

Eram lembranças que vinham sempre. Mas já fazia muito tempo. Eu era só uma garotinha e minha mãe ainda estava entre nós. Agora tudo que eu queria era que houvesse alguém conhecido para entrar pela porta e perguntar o que estava acontecendo. O medo aninhou-me em seus braços e sufocou-me os sentidos. Para aquele homem, a crueldade falara mais alto. Não fora suficiente esquartejar a dignidade da filha ou dar mais uma chance ao pai. Simplesmente, disparou contra a única parte que mantinha minha historia viva, colocando um fim doloroso na existência. O corpo de meu pai jazia no mesmo canto do qual assistira o drama, pressionado contra os armários em baixo da pia. O sangue pintara-lhe a roupa como se tivesse sido mergulhada num balde de tinta vermelha, e seu rosto carregava uma expressão nauseante. O assassino cuspiu algumas palavras e desapareceu na penumbra da noite, cambaleando ao seu carro velho e perdendo-se na estradinha de terra deserta.

Eu deveria acordar neste momento. Tudo poderia ter sido apenas um pesadelo. Entretanto, bastavam alguns beliscões para ter certeza: eu estava sozinha, meu sangue escasseava cada vez mais e não havia ajuda por perto. Por sorte –mas prefiro acreditar um pouco em Deus- tive forças para arrastar-me até o telefone e discar o primeiro numero que vi. Uma voz sonâmbula atendeu, e minha rouquidão chorosa pediu ajuda. O aparelho fez-se imensamente pesado para minhas mãos, minha pressão caiu, a vista embaralhou.

Desmaiei ali mesmo.[...]"

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Judith - parte 2

"[...]Assim, sem ao menos pensar no que poderia acontecer (e gostaria de tê-lo feito), corri em direção ao meu pai, empurrei-o da cadeira com todas as forças que pude e acabei caída por cima dele, num ato efusivo e ridículo de proteção. O homem soltou uma gargalhada funda, abaixou a arma e agachou-se sobre mim.

-Meu senhor não disse que tinha uma beleza dessas em casa... – disse segurando meu queixo, enquanto passava os olhos por todo o meu corpo.

-Judith, o que você está fazendo aqui? Pelo amor de Deus Judith, o que você fez... – meu pobre pai arfava, repetindo meu nome incansavelmente após cada respiro – Não a faça mal, eu posso pagar tudo... – clamou ao homem que mantinha suas mãos no meu rosto.

Meus pés ardiam. As lascas de vidro espalhadas no chão fincaram-se neles, e a cada movimento sentia como se rasgassem a pele para acomodar-se melhor. O homem soltou meu rosto e com esta mão tampou a boca de meu pai. A única roupa que eu vestia era uma camisola fina, e isto permitiu que ele escorregasse o revólver pela extensão da minha perna, passeando o metal gélido como se fosse um brinquedo.

-Sem dúvidas vamos nos divertir... – sussurrou próximo ao meu ouvido, e um cheiro de álcool e tabaco revirou-me o estômago.

Meu pai debatia-se, tentando-se livrar da mão que pressionava ora sua boca, ora sua garganta, a cada tentativa de fala. O homem era forte o suficiente para matá-lo sem ar a qualquer momento, mas preferiu empurra-lo para longe de mim e, numa voz traiçoeira, disse:

-Se eu fosse o senhor, não faria nada. Posso apagar vocês agora. Mas quero a tua cachorra primeiro... Aliviaria a tua dívida, o que acha? – e mostrou os dentes mais uma vez.

Ele manteve a arma erguida na direção de meu pai, encurralado em um canto, por muito tempo. Eu ainda estava no chão, mas tinha a roupa rasgada e o resto do corpo também havia encontrado as lascas de vidro. Senti suas mãos encardidas me tocarem por inteiro, enquanto o suor que escorria de suas têmporas pingava no meu rosto. Nunca desejei tanto conseguir vomitar, mas era impossível: não havia nada no meu estômago. Vasculhou o bolso e pegou um canivete. Meu coração disparou ao ver a lâmina levemente enferrujada, e como ele tivesse percebido meu desespero, agarrou-me com força e riu:

-Você vai pagar pelos erros do teu pai, cachorra! – e fez brotar sangue das minhas coxas – E você, senhor, veja que maravilha! – blasfemou contra meu pai.

Eu sabia que se tentasse sair dali seria pior. Não era capaz de andar, e a vida de meu pai estava em jogo tanto quanto a minha. Minhas pernas ardiam como se estivessem em chamas, e o sangue escorria incansável. Eu podia gritar. Mas cada grito meu significava mais uma ferida aberta. Eu não tinha mais fôlego. O homem ria o tempo todo, e ânsias me dominavam. Até que ele me puxou pela nuca e colocou-me de bruços no chão. O vidro misturado com sangue tocou meus seios, e eu gritei. Só pude sentir seu corpo empurrando meus quadris, sua saliva nas minhas costas, sua força erguendo-me a cabeça para trás. Realmente acreditei que iria morrer. Mas alguns minutos depois estava largada no chão, juntando as lágrimas aos demais dejetos e tentando encontrar forças para levantar.[...]"

para MARA.

e isso foi a coisa mais pesada que eu já escrevi, mas continua.

é, hora de respirar fundo e dizer 'o mundo não para pra gente se recompor.'

domingo, 18 de julho de 2010

Judith - parte 1.


"O mormaço da noite interiorana aliada aos mosquitos traiçoeiros e ao cheiro forte de cravos fincados em limões, justamente na tentativa de manter os insetos afastados, impedia um sono constante. Os lençóis estavam revirados, o pijama grudado no corpo, o som inquieto dos grilos coçava os ouvidos. Talvez um pouco de água refrescasse a situação e me fizesse dormir. Atravessei o interminável corredor que levava a cozinha, a qual tinha a luz fraca e amarelada acessa. Estranhei, passavam das duas da manhã. Provavelmente meu pai esqueceu-se de apagá-la ao deitar-se, pensei. Mas no instante em que apoiei as mãos no batente da porta para adentrar no cômodo, um estilhaçar de garrafas de vidro ecoou pela casa. Seguiu-se de vozes pesadas que gritavam, vozes graves e cujas vibrações, se palpáveis, poderiam ser como fios de aço. Encolhi os braços e prendi a respiração. Mantive-me rente a porta, o suficiente para assistir a cena.
-Espere, tem de haver algo que eu possa fazer... – murmurou nervoso um homem.
Era meu pai, envolvido num desespero incomum.
-Quero meu dinheiro, é difícil entender isso? – retrucou o outro, fazendo voar uma cadeira que veio destruir-se bem a minha frente.
-Não tenho como pagar agora, podemos fazer um acordo... Eu...
-Acho que o senhor, -o homem ironizou o tratamento- já tem muitos acordos pendentes comigo! – e tragou o restante da bebida que havia em seu copo como se quisesse acalmar os nervos. – Há anos você aposta o dinheiro que não tem, não posso mais com isso. A situação está perigosa, as ameaças são cada dia piores. A casa de jogos é minha, e não vou perdê-la por tua causa!
O homem terminou a frase em pé, com o dedo apontado a poucos milímetros dos olhos de meu pai. Apoiou as duas mãos na beirada da mesa e deixou cair a cabeça para frente, bufando e balbuciando palavras para si mesmo.
-Não achei que fosse tão grave... Tudo o que tenho é esta chácara, é meu único trabalho, garanto que posso pagar a dívida aos poucos... – suas mãos tremiam, mal conseguiam erguer o copo e leva-lo a boca. Com grande esforço, engoliu uma dose inteira, pôs-se vermelho e emudeceu.
O homem ergueu-se de súbito. Mal se mantinha ereto e sua roupa estava tão suja que arriscaria dizer que não a lavara nunca. Era moreno, com grandes sulcos na pele do rosto e a barba encharcada de bebida. Seu olhar era carregado de ódio e os dentes escurecidos formaram um sorriso assustador ao gritar:
-Vou ter que explicar de novo? – ele tirou um revólver de dentro da calça – Não estou para brincadeiras! – e acomodou-o na testa de meu pai.
Eu estremeci. Era claro que meu pai havia cometido erros, mas em toda minha vida, não houve um dia sequer sem comida para as refeições; nenhum inverno sem cobertores; e nenhum verão sem que ele ajustasse o balanço da árvore conforme eu crescia. Meu pai bebia. Meu pai apostava o dinheiro que não tinha. E quem sabe mais o que fazia pelas ruas? Mas sempre fora um bom pai para mim. Estar prestes a assistir a sua morte, foi como rasgar-me o peito sem que eu pudesse desfalecer.[...]
"

Para MARA.

Judith - parte 1.


"O mormaço da noite interiorana aliada aos mosquitos traiçoeiros e ao cheiro forte de cravos fincados em limões, justamente na tentativa de manter os insetos afastados, impedia um sono constante. Os lençóis estavam revirados, o pijama grudado no corpo, o som inquieto dos grilos coçava os ouvidos. Talvez um pouco de água refrescasse a situação e me fizesse dormir. Atravessei o interminável corredor que levava a cozinha, a qual tinha a luz fraca e amarelada acessa. Estranhei, passavam das duas da manhã. Provavelmente meu pai esqueceu-se de apagá-la ao deitar-se, pensei. Mas no instante em que apoiei as mãos no batente da porta para adentrar no cômodo, um estilhaçar de garrafas de vidro ecoou pela casa. Seguiu-se de vozes pesadas que gritavam, vozes graves e cujas vibrações, se palpáveis, poderiam ser como fios de aço. Encolhi os braços e prendi a respiração. Mantive-me rente a porta, o suficiente para assistir a cena.
-Espere, tem de haver algo que eu possa fazer... – murmurou nervoso um homem.
Era meu pai, envolvido num desespero incomum.
-Quero meu dinheiro, é difícil entender isso? – retrucou o outro, fazendo voar uma cadeira que veio destruir-se bem a minha frente.
-Não tenho como pagar agora, podemos fazer um acordo... Eu...
-Acho que o senhor, -o homem ironizou o tratamento- já tem muitos acordos pendentes comigo! – e tragou o restante da bebida que havia em seu copo como se quisesse acalmar os nervos. – Há anos você aposta o dinheiro que não tem, não posso mais com isso. A situação está perigosa, as ameaças são cada dia piores. A casa de jogos é minha, e não vou perdê-la por tua causa!
O homem terminou a frase em pé, com o dedo apontado a poucos milímetros dos olhos de meu pai. Apoiou as duas mãos na beirada da mesa e deixou cair a cabeça para frente, bufando e balbuciando palavras para si mesmo.
-Não achei que fosse tão grave... Tudo o que tenho é esta chácara, é meu único trabalho, garanto que posso pagar a dívida aos poucos... – suas mãos tremiam, mal conseguiam erguer o copo e leva-lo a boca. Com grande esforço, engoliu uma dose inteira, pôs-se vermelho e emudeceu.
O homem ergueu-se de súbito. Mal se mantinha ereto e sua roupa estava tão suja que arriscaria dizer que não a lavara nunca. Era moreno, com grandes sulcos na pele do rosto e a barba encharcada de bebida. Seu olhar era carregado de ódio e os dentes escurecidos formaram um sorriso assustador ao gritar:
-Vou ter que explicar de novo? – ele tirou um revólver de dentro da calça – Não estou para brincadeiras! – e acomodou-o na testa de meu pai.
Eu estremeci. Era claro que meu pai havia cometido erros, mas em toda minha vida, não houve um dia sequer sem comida para as refeições; nenhum inverno sem cobertores; e nenhum verão sem que ele ajustasse o balanço da árvore conforme eu crescia. Meu pai bebia. Meu pai apostava o dinheiro que não tinha. E quem sabe mais o que fazia pelas ruas? Mas sempre fora um bom pai para mim. Estar prestes a assistir a sua morte, foi como rasgar-me o peito sem que eu pudesse desfalecer.[...]
"
Para MARA.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

strangest day ever.

Depois de tantas horas de conversa, depois de tantas risadas e tantas besteiras, eu comecei a sentir que já te conhecia. Não acredito nessa de vidas passadas, pra mim só existe o aqui e o agora. Mas se eu acreditasse, diria que a gente foi irmã em algum momento. Que coisa estranha, devíamos no mínimo não nos dar bem, pelo contexto. Mas dividir as histórias e rir delas pareceu muito mais construtivo. E isso sem falar em todas as coisas em comum, todos os gostos, o jeito de rir, a necessidade de falar alto. No fundo, não acho que você apareceu por acaso. pode até dizer que eu andei te ajudando, com minhas piadinhas sem graça e o meu apoio. Mas acho que você me ajudou mais. Qualquer coisa que eu pense em fazer, me faz sentir traindo alguém que acredita em mim. E não se trái a família né? Nem da outra encarnação. (:
Adorei conhecer você, de verdade.
Tcs, mas você gosta de rosas, acredita em romances e tem complexo de 'anti-fotogenia'... nem tudo são flores :p
HAHAHAHA

terça-feira, 13 de julho de 2010

Adorei o design, combina com o blog *-*
gostou? :)
obrigada de novo, por estar comigo linda.


"O homem pode acreditar no impossível, mas nunca pode acreditar no improvável."
Oscar Wilde

domingo, 11 de julho de 2010

obrigada pai, por colocar as pessoas certas na minha vida, e tirar aquelas que não merecem fazer parte dela. (:
Já ouviu aquela 'tudo o que vai, volta em dobro'? pois quero ver a hora que você ficar impotente quem é que vai se importar. Você tem medo disso? Ouvi dizer que a imersão em ácido sulfúrico ajuda a prevenir. porque não experimenta?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

meus amooores, não fiquem tristes, as ocitoninas são as culpadas.
no fim tudo passa, até uva passa.
o novo é muito mais legal, ele dá dez em uma noite e continua em pé. e sabe o que é melhor? eu
posso falar baixinho que ele me escuuuuta. RARARÁ. É mole mas sobe. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar meu colírio alucinógeno. (como diz o bom e velho simão.)
Fui canalha, fui ;D
Foi o pior fim de semana ever. Não sei nem explicar. Ninguém mandou querer abraçar o mundo. Quem quer tudo acaba sem nada, é bem assim. Estou sem força pra seguir em frente, sem força pra continuar, gostaria mesmo é de me enfiar num buraco e só sair de lá quando 2011 acabar. Eu só queria que alguém se importasse comigo, que alguém me disesse que eu faço falta. Eu só queria atenção, carinho, afeto. Eu só queria me sentir completa.

sábado, 10 de julho de 2010

:/

Sem sombra de dúvidas, você foi o maior erro de toda minha vida.
Mas se eu pudesse voltar atrás não pensaria duas vezes; faria tudo de novo.
Já fazia tempo que eu não chorava por você, fazia tempo que não pensava nos porquês. Achei que ter o teu telefone era suficiente, que você não recusaria me ver. E tanto eu esperei, eu ensaiei, pra fazer o convite certo, na hora certa, no momento oportuno. Bem dizem que o perfeito demais nunca é verdade. Não tenho medo maior do que pensar em nunca mais te ver, do que nunca conhecer alguém que me faça suportar a tua ausência. Eu sei que nunca vou te esquecer. Não haverá outra oportunidade como esta, e tudo que você precisava fazer para poupar este drama, era tirar algumas horas pra mim. Mas você não quis...
Desculpa, eu realmente achei que o tempo apagaria esse sentimento de mim.
Odeio quando perco o controle da situação.
Acho que já é tarde pra você mudar de ideia, mas bem eu gostaria que não fosse.
Não quero mais escrever sobre você aqui.
Não quero mais amar você.
Algumas horas comigo e poderia ter poupado tanta coisa! Ah...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Apelidos?

Era Hell, mas porque eu tinha meus motivos. Se for perguntar pra maioria, era hell de capeta. Depois Mel. De que? De charme. Agora Juju. Adivinha... de encosto alheio. Ou de panicat? Eu sei lá. Só sei que não sou nada disso que se vem falando. Eu sou simpática, sou alegre, meu sorriso atrái? Que bom. Tenho mania de abraçar, de fazer gracinha. Eu não vou mudar. Minha vida anda tão ampla e meus sonhos tão altos, que não estou ligando muito pra nada. Só pra alegria que anda nascendo nos corações por aí. Geralmente, não precisa ser panicat para estar bem. Mas Juju é bonitinho ;')

realiza meus devaneios literários? só que sem velas. falando sério, só ficam boas nos textos...

sábado, 3 de julho de 2010

Workshop

A vista turvou, mal pude sentir meus pés. Corri, por pouco não tropecei. Entrei no banheiro, sentei em algum lugar e coloquei a cabeça para baixo. E fiquei assim, por um tempo adimensional, privada de qualquer movimento, qualquer reação. Só meus pensamentos fervilhavam. Estancavam o suor que queria escorrer pelas têmporas, desviavam a atenção do formigar dos membros. E corriam, de um lado para o outro, carregando nas costas todas as dúvidas que acabavam de nascer. Eu não vou conseguir assim. E se eu não conseguir, o que é que será de mim? E os pensamentos blefando, apontando seus dedos gordos e rindo. Você não vai conseguir. E se você não conseguir, será uma fracassada. Onde é que você vai se inserir se não for aqui? E zombavam, curtiam o ferimento que acabava de aparecer, espancavam a consciência. Foi aí que reuni todas as minhas forças, avancei e me joguei em cima dos pensamentos. Arranquei as dúvidas pelos cabelos. Estraçalhei-as. Agora, parem com isso. Existir, existam. Mas para o progresso e não para obstruir meus caminhos.
Levantei, arrumei o cabelo e voltei para o auditório. Que lapso fora aquele, eu não sei. Mas quase deixou-me abalar. Sintetizei meus anticorpos, ganhei a imunidade a esse medo idiota. E o dia foi maravilhoso. Enjoô passa. As minhas vontades não.
MEDICINA, UM SONHO. UMA BATALHA. UM DESAFIO.
QUE VENHA ENTÃO.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O mais engraçado sobre a vida é isso: um dia estamos muito bem, outro, muito mal.
Mas parando para pensar, gostaria de ter mais dias bons que dias ruins.
Hoje o nível de endorfinas chegou ao extremo, mais um pouco e não tenho a mínima noção de onde iria parar. É bom saber que se divertir não depende de ninguém. É bom saber que acreditar nos seus sonhos também não. E é bom ser um tanto eufórica, um tanto fútil, um tanto incoerente e um tanto boba. De vez em quando faz muito bem...
vodka? gosto.
sexo? também.
amor? o que é isso?

terça-feira, 29 de junho de 2010

...

" [...]Inspire o ar pela boca quando for beijá-la. Puxe lentamente como se quisesse respirá-la para dentro. Não foque a boca dela, relacione-se com ela inteira. Em vez de tentar fazer algo com os lábios e a língua, mova todo o corpo. O beijo acontece por si só. E, quando acontece, ele nunca é um beijo. Para transar, não use o corpo, penetre o quarto inteiro. Você ouve “Stop this train”, sente o cheiro de baunilha que ficou da barra de massagem, agarra o quadril dela, olha para a janela aberta e mete em tudo isso. Movimenta, invade, faz tremer. De alguma forma, na sua mente, pelos seus cinco sntidos, pelos cinco sentidos dela, a cidade inteira goza."

Bonito isso. Só que eu não acho que aconteça sem usar no mínimo, um milésimo do coração (ainda que inconscientemente). Tá explicado. Essa mecânica toda está me matando. Diz que vai me convidar pr'uma taça de vinho, pra olhar nos meus olhos, perguntar como passei esse tempo todo. Diz que vai me convidar, sem nenhuma jogada ensaiada, sem esperar que eu as tenha, sem medir esforços. Diz que vai me convidar, pra respirar do meu lado, dormir abraçado, fazer o teu jogo. Diz que vai, sim. Diz que vai, que me quer. Essa mecânica toda está me matando...

leia na íntegra o texto em http://www.donagiraffa.com/2010/06/beijo-e-sexo-sao-coisas-que-nao-existem.html

segunda-feira, 28 de junho de 2010

meu coração tem dono, o resto não.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

AFF

♦Odeio saber que vou mudar pra Valinhos, ficar longe de todos os meus amigos do grupo, longe do pessoal da academia, sem poder sair de noite e voltar tarde, sem poder dar umas perdidas em casa. Não quero morar num fim de mundo que não tem nem uma padaria perto, demorar o dobro pra ir pro cursinho, não ter idade pra dirigir e ser vigiada o tempo todo. Eu consigo odiar essa cidade. Como eu amo Campinas :(
♦Odeio não ter idade pra entrar nos lugares legais. A zoff é paia, só tem pirralhada, e fica longe.
♦Odeio não ter cabeça de menininha, mas no papel não passar de uma. É só pegar uma Capricho e se deparar com: "aai como o Justin Bieber é sexy" (só pode ser pedofilia), "meu sonho é conhecer o edward (como se não existissem outros pálidos cabeça-oca por aí)", "poooxa, mas existe sexo sem amor?" (não, magina, as núvens são de algodão). Aí eu penso: que merda. Se eu fosse igual a elas seria mais fácil aceitar esse cárcere todo, mas não sou.
♦Odeio não dirigir, morar sozinha, sair sem ter hora pra voltar. Queria ter a minha vida. A MINHA vida. Às vezes eu queria acelerar o tempo e ter que visitar a minha família só nos finais de semana.
♦Odeio não ser monitora. Odeio, com todas as forças desse mundo. Odeio frequentar a monitoria e odeio sentir esse ódio todo.
♦Odeio não ser mais tão inteligente como eu era antes. Acho que o cotuca me estragou um tanto. Medo eu tenho de não conseguir realizar os meus sonhos, de acabar na futilidade.
♦Odeio não ter um namorado. Simples assim, odeio saber que nessa face da terra não existe um ser que me agrade por completo. E que seja recíproco. Odeio fotos de casais no orkut, eles deviam morrer: TODOS.
♦Odeio o fato de ele não ter me ligado hoje, e de saber que talvez não me ligue mais. Como o tópico acima indiretamente diz, eu vou morrer sozinha.
♦Odeio ter me queimado no jogo hoje, odeio minha pele, meu cabelo e me sentir gorda.
quer saber? odeio sexta feira à noite em casa...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

"pense que nem tudo está perdido - depois do infinito existe o além."


Às vezes da vontade de só viver o agora, às vezes da vontade de viver a vida toda assim. O que eu quero agora eu não posso ter - é mesquinho, é egoísta, é superficial - mas foi o jeito que eu achei de te esquecer, quem sabe desta vez, por completo.

O que eu mais gostava do nosso amor, é que tinha começo, meio e fim. Não era como os amores de hoje...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

-I missed you.
-Me either.
-HUG-

Once it was friendship. How should I call it now?

sábado, 12 de junho de 2010

Aniversário.

Finalmente um tempinho pra postar :D
Bom, uma consideração bem importante: esqueci de dar os parabéns ao meu blog querido, que fez dois anos dia 23 de maio. E antes que pareça um tanto idiota, é na verdade uma coisa bem significativa. Meu cantinho pra falar tudo, independente do que as pessoas iriam pensar. Ecrever aqui é falar pra qualquer anônimo ou vazio, e eu gosto disso. E acho que na real, este blog não nasceu exatamente aí, nasceu mesmo dia 12 de junho. Eu sei, acabou virando o meio de falar tudo que eu queria te falar, e isso me envergonha. Mas de qualquer forma, foi a única maneira de me aguentar, de segurar a barra quando tudo parecia despencar, de receber elogios pelos meus textos, de acalmar a minha consciência. Seria esconder a verdade se eu não dissese: este blog é teu, é meu, é nosso. É de todos os romances mal escritos tentando reescrever o que tivemos. É de todas as idealizações, e de todas as invenções entorno de você. É de tudo aquilo que eu pude imaginar, que no fundo deve passar longe da realidade. Este blog tem gosto de panquecas de nutella, e por mais que às vezes odeie isso, é fato.
esse blog tem gosto de tudo aquilo que eu cresci nestes dois anos.
estou com saudades.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Finalmente um tempinho pra postar :D

Bom, uma consideração bem importante: esqueci de dar os parabéns ao meu blog querido, que fez dois anos dia 23 de maio. E antes que pareça um tanto idiota, é na verdade uma coisa bem significativa. Meu cantinho pra falar tudo, independente do que as pessoas iriam pensar. Ecrever aqui é falar pra qualquer anônimo ou vazio, e eu gosto disso. E acho que na verdade, esse blog não nasceu exatamente aí, acho que ele nasceu dia 12 de junho mesmo. Quando

quarta-feira, 2 de junho de 2010


"Os olhos e o coração são independentes.
Um não precisa estar fechado para que possamos abrir o outro."

"Dividem as panquecas numa amizade incrível, os mesmos que queimam a língua por trás: assim caminha a humanidade."


"Ainda espero poder te ver, nem que por um instante.
E que esse instante, não termine. Amor, contraditório."

sábado, 29 de maio de 2010

Eu tenho medo é de esquecer. Acho que é por isso que eu penso tanto...
Ah, porque é que o amor é como é?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vou comprar um letreiro;
Pisca-pisca, verde neon.
Vou pendurar no pescoço,
E por ai sair, à qualquer som.

Prazer, eu sou um cactus, e estou me divertindo horrores. (veja como eu faço boas poesias)
__

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O melhor sarau do meu cotuca.
Me emocionei. Ganhei elogios e abraços.
Missão cumprida (:

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dear .,

Nem me lembro mais quando foi a última vez que nos falamos. Deve fazer tempo, um monte de coisas vem me acontecendo, e sinto que não as dividi contigo. Não sei se preciso perguntar como você está. Você costumava sempre estar bem. Além do que, com todas essas festas e essas novidades por ai deve ser impossível ficar mal, né? Aqui está uma correria só. Ando dormindo muito pouco, quando acordo tomo um monte de guaraná em pó pra ficar de pé...daqui a pouco vou ficar viciada. Os professores do técnico estão acabando com a gente, principalmente porque chegou a hora de testarem se aprendemos tudo. Mas no fundo está interessante. Teremos muitas visitas, e andar dentro de uma planta piloto chega a ser empolgante. Mesmo assim, dei uma boa desanimada com o colégio...só tem bixos e o pessoal do meu ano de quem não sou próxima! Sinto muita falta dos meninos da sua sala, eles eram legais comigo, e eu me sentia bem mais acolhida. Pelo menos tem as garotas da minha sala, elas tem sido muito parceiras.
Ah, no fim de semana do meu níver o pessoal do grupo da igreja me fez uma festa surpresa, e eu nem cheguei a desconfiar! Poxa, era isso que eu tinha que contar, estou muito firme nesse grupo, nem acredito...acabei fazendo grandes amigos, nos reunimos, fazemos visitas às entidades, e nos divertimos muito! Na festa por exemplo, fizemos churca e pagode até virar o dia! Que bom que eu me encontrei em algum lugar, às vezes sinto que é a única coisa que me mantém relamente de pé.
E na semana seguinte teve a gincana, e a dança. Noossa, na hora nem sei o que eu fiz, me deu um frio na barriga, um gelo só...quando vi já tinha acabado...ainda bem, não aguentava mais o sufoco daqueles ensaios! Mas foi bom ouvir os elogios depois, principalmente quanto a coreografia, que foi bem difícil. De verdade, queria que você tivesse me visto dançar...eu tava tão bonita...juro que eu tava me sentindo...mas era meu dia, permitido né (: Que mais? Ah, ainda estamos tocando a oficina de forró viu, orgulhe-se da sua aprendiz hahaha outro dia banquei até a monitora, pena que faz tempo que não vou, sempre tem algum compromisso no horário. Mas também é bem estranho...um monte de bixetes pra ensinar, preferia quando eu estava no lugar delas...você faz falta lá, ninguém tem força pra fazer aquele passo doido de jogar pra frente e pra trás, lembra?
Enfim, acho que já falei bastante. Pois é, não posso esquecer de te falar que estou superfirme no ballet, que está sendo ótimo! Poxa, e amanhã tem sarau, e eu finalmente decidi participar! Último ano, obrigatório hahah! Pena que não decidi ainda o que vou ler...pensei no epílogo daquele livro que você inspirou em mim, ou algumas poesias, mas você também faz parte delas. Não sei, quando for 12:30 de amanhã manda uma energia positiva pra mim?
Escrevi porque estou morrendo de saudades e queria te contar tudo isso. Espero que possamos nos ver em breve, quero te dar um abraço muito, muito forte!
With love, myself.

sábado, 15 de maio de 2010

eu quero um amor maior...um amor maior que eu...♪


--'

domingo, 9 de maio de 2010

to num caos, num beco.
mas to viva, fazer o quê.
TA sufoca, e eu odeio. (Y)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

20:20

hora de alguém pensar em mim.
ou no caso, de que eu pense em você.
é, voou um ano inteiro e aquele sussurro ainda ecoa aqui, perto do meu ouvido, misturado com tudo que existe de bom. E por mais que eu saiba que não é coerente, eu bem queria ouví-lo denovo. Eu sei, o tempo passou, as circunstâncias mudaram, não dá mais pra fugir da realidade numa segunda-feira à tarde. E eu estou feliz, falo verdade. Restaram apenas aqueles amigos verdadeiros, ando embalada pela canção que carrega meu sonho, encaixei perfeitamente minha espiritualidade em algum lugar. Os abraços que recebi hoje, os mimos, os recadinhos, me fizeram bem. Eu estou feliz, ainda que o colégio me sufoque e me condene a uma solidão insuportável. Eu consigo enxergar à frente, tenho força, tenho fé. Mas eu ainda sinto que preciso de você nos meus pensamentos, nos meus sonhos, nos momentos em que mais quero contar o que está me acontecendo. Ainda que você tenha ido pra longe, eu continuo vivendo contigo. Mas eu estou feliz. E esse ano passou incrivelmente rápido, o que provavelmente se repetirá. Foi isso, eu cresci. E como! Com certeza muitas coisas boas virão, tenho certeza. E é isso que importa. Caramba, 17 anos, parece que foi ontem que eu andava de patins com minhas amigas e me ralava toda. É, dez anos voam! hahahah
É, feliz aniversário réu :')

segunda-feira, 26 de abril de 2010

eu queria o feliz aniversário que ganhei à um ano atrás.
mas eu sei que não vou tê-lo...

domingo, 25 de abril de 2010

Fim-de-demana

Tive um ótimo fim-de-semana. Daqueles em que não dá tempo nem de abrir o material da escola, tempo livre é pra dormir com gosto. Pensei demais. Refleti demais. Em dois dias aprendi muito.

► O cinza dá cor a tudo, o céu é rasgado pela arquitetura secular tão bem imposta no contexto do tempo. Cultura, arte, um concentrado de conhecimento e saber, um berço da liberdade de expressão. Porém as ruas manchadas de sofrimento, as roupas penduradas nos beirais cujas janelas estão estilhaçadas. O abandono extravasando pelos cantos como a espuma do travesseiro jogado na sarjeta. E o olhar do pedinte enfomeado, o perambular desnorteado da menina drogada, o murmúrio que ouço no silêncio dos barracos à beira da avenida. Onde os ladrilhos constroem calçadas, o ser humano é bixo, cachorro com sarnas sem dono e sem fé. Mas onde brilham as lâmpadas fluorescentes, passeia com seus poodles enfeitados, a nata desse leite nem um pouco homogêneo, chamado sociedade. A vida que dobra a esquina não é a mesma que usas as escadas rolantes. E numa bolha, de ilusão, mentira e medo, vivem os afortunados, enquanto pulsa debaixo das pontes a outra parte da vida.
Concentro-me na arte, pois jamais saberei amar uma cidade assim. Em algum outro momento, prometo refletir sobre a exposição de andy wharol e sobre a peça de teatro. O que me veio agora, não passa disso.
sobre são paulo, no sábado.
►Um olhar vago fitando a parede. O líquido escorrendo pelo canto da boca, os membros atrofiados que não mechem mais. A voz que não sai, o sorriso que não vem. O incansável esperar pela morte numa cama reclinável. Porque tantas vidas tem de acabar assim?
E nós nos colocamos diante do santíssimo e gritamos as perguntas que não tem resposta. Vem as lágrimas, o coração aberto, a certeza de que não estamos sós. Bem sabemos que estamos unidos por uma força chamada fé. Mas a fé não responde nossas perguntas, apenas nos faz chorar. E tudo que podemos fazer é deixar que Deus, o nosso Deus, que basta ser sentido por cada um de nós, nos amapre e nos dê força em nossa caminhada. As respostas vem, se vierem, no momento oportuno.
sobre a visita à toca de assis - fraternidade para com ex-moradores de rua em fase terminal, no domingo.
por sorte em meio à tanto pensamento, teve hamburguer, cachorro quente, piadas e abraços.
:")

sexta-feira, 23 de abril de 2010

é.

Os passos pesados vem me lembrar por onde ando. O ambiente exala o cheiro morno daqueles dengos. Tudo faz pensar. Eu rio por dentro no meu canto, em gargalhadas eu exalto no meu silêncio. E em um segundo já estou chorando, no canto dentro de mim onde está tudo guardado. Ninguém sabe, mas eu sei. Niguém entende, mas eu entendo. Niguém conheceu, mas eu conheci. Niguém sabe, mas eu sei. Quantas histórias, quantas promessas, quantas combinações, quantas escondidas, quantas brincadeiras. Quanto tem escrito nas paredes, pairando rarefeito no ar, escondito atrás das cortinas. Quanto daquele lugar faz parte de mim. É que agora, não faz mais diferença. Está tudo morto. Morto até o último sinal nervoso. Morto sangrando por dentro, onde só eu posso ver. Está tudo morto. Não tem mais euforia, mais brilho. Não tem mais nada. Aquele lugar não passa de um cárcere abandonado de lembranças apodrecendo, das quais eu não sei escapar. E ninguém sabe, mas eu sei.

cotuca morreu, é.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mas porque medicina?


A muito que estou ensaiando escrever sobre isto aqui. Ainda não tinha encontrado as palavras certas, ou a firmeza necessária para uma decisão deste porte. Por sorte não tenho mais o que hesitar. Cada dia que passa faz crescer um desejo, que veio de algum lugar desconhecido de mim. Mas que transborda, arde, grita, implora pra que não seja perdido pelo caminho. Pede para ser semeado, para ser seguido, para que eu deposite todas as minhas forças nele. Algo me diz que jamais me arrependerei.

Começou assim, como todas as grandes coisas da vida, na timidez, andando devagarinho, me invadindo. Eu, leitora assídua daquelas revistas de psicologia, daqueles livros de filosofia, daquelas teorias que confortavam minha incompreensão do ser humano. Eu, apaixonada pela biologia, estudante das matérias que não caiam na prova de madrugada, encantada pelas hemácias, pelos moluscos desfigurados do laboratório, pela maneira como na natureza tudo se encaixa perfeitamente. Eu, participante das caridades, amante dos sorrisos, das crianças, das pessoas. Confesso, não entendia como tudo isso poderia se encaixar. Meus pais diziam: vai ser arquiteta, musicista, bailarina, engenheira? E eu ansiava o dia em que descobriria quala resposta certa a ser dada.

E simplesmente um dia qualquer, de sol, de chuva, de paz ou angústia, cogitei: e se eu fissesse medicina? E a idéia ficou na cabeça. Rodando, correndo, brigando com meus argumentos. Não encontrou a saída. Lá ficou. E hoje eu não sei explicar ao certo em que momento eu tive certeza. Tampouco sei dizer porque quero tanto. Coerente. Amor é impossível explicar, definir, qualificar. Ele nos preenche de súbito e nos pede a alma em troca. E apesar de ser impossível de conter, eu o aceitei. 'Pode vir então, faz de mim o que você quiser. Eu irei tão longe quão for necessário para realizar o que agora é um sonho: estudar medicina.

Agora faz sentido que eu tenha sido aquela criança silenciosa, que montava quebra-cabeças e recortava figuras para montar minuciosos mosaicos: hoje tenho a inteligência e a paciência que os estudos exigirão. Faz sentido que eu tenha dedicado tanto tempo às artes, ao desenho, à dança: hoje tenho a sensibilidade e a leveza que precisarei para trabalhar. Faz sentido que eu não tenha poupado abraços, aconchegos, palavras e confortos aos que me cercam: hoje tenho o coração aberto e as ideias éticas que me guiarão pela estrada. E faz sentido principalmente, que eu nunca tenha negado aquilo que sou: hoje posso afirmar o que quero, e saber que não estou mentindo para mim mesma.

Quando existe um sonho, as dificuldades são diretamente proporcionais à vontade de superá-las. Acredito nisso.

E farei medicina. Medicina por amor à vida.


(e de quebra, farei aquilo que sempre quis fazer: consertar corações ;') hahaha)