segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pequena discussão.

-O que está acontecendo Aline? Você parou de pensar em mim, me esqueceu na sua memória.
-Isso não é verdade, eu sempre penso em você, como tem coragem de duvidar disso?
-Não estou duvidando. Apenas percebi o quanto as palavras saem sem empolgação quando sou o motivo delas, ou como o sono vem rápido se você para para pensar em mim.
-Mara, você é um refúgio pra mim, e tudo o que te envolve me envolve, como se fossemos uma só. Porque derrepente te surge o medo de que eu possa te esquecer?
-Não é um medo sem fundamentos. O cotuca está acabando, e com esse fim todas as imagens ficarão mais distantes. Não me engane dizendo que vai conseguir materializar com a mesma intensidade todas as coisas que me aconteceram lá. Isso é humanamente impossível.
-Você está certa nisso, mas sempre que estiveres ao meu lado, terei todas as tuas histórias vivas não é?
-Não Aline, e isso é algo que você precisa entender.
-Do que você está falando Mara?!
-Ninguém é eterno, nem mesmo eu. Eu vivo porque você quer que eu viva. Podemos ser próximas ou mesmo parecidas, mas eu não existiria se não fosse você.
-Está pensando em ir embora?
-Quando você me esquecer e desistir de escrever minha história eu serei obrigada a partir. Não posso permanecer ao teu lado, te atormentando como algo que você foi incapaz de concluir.
-Mas eu não quero que você vá. Sua história me ajuda a chegar perto do coração das pessoas, e com ela já consegui arrancar dos mais diversos sentimentos. Preciso de você Mara...
-Estou te advertindo. Quando o cotuca acabar, quando você mudar o seu foco para o futuro e se ver livre do que te prende ao passado - seu curso, seu ambiente, sua atual casa - ficará muito mais difícil sentir o que eu sinto. E talvez você não consiga mais escrever a minha história.
-Realmente, às vezes parece que não consigo mais pensar no teu romance como antes, temo que nunca mais consiga te colocar no papel...
-Aline, isso não pode acontecer. Nasci porque você quis, porque jurastes que eu poderia atingir muitas pessoas com meu drama. Se você me deixar morrer, será uma perda muito grande.
-Eu sei Mara. Mas estou cansada, estou sem forças pra te fazer viver.
-Por favor, pense no Daniel. Você tinha jurado que jamais deixaria de pensar nele. E olha só, ao que me parece não é o que vem acontecendo.
-O Daniel não é só meu, é teu também. Se venho pensando muito menos (ou quase nada) no A., é algo positivo pra mim. Como você tem coragem de me pedir pra pensar nele sabendo que isso me faz sofrer?
-Quero que pense nos dois só até terminar de escrever a minha história. Depois, não haverá mais problema em parar com isso. Por favor, pelo Daniel...
-Pare Mara, pare com isso. Eu decido em quem vou pensar, no que vou escrever. Quando penso no A. ele me parece pesado como uma estaca fixa em algum lugar. Já não consegue passear pelos meus pensamentos, atender as minhas fantasias e viver o meu misterioso Daniel. Ele não é mais livre e próximo o suficiente...
-Chega. Apenas desculpas. Aline, você sabe que tem que terminar minha história agora. Você sabe que ainda consegue pensar nele e escrever Daniel, que eu ainda existo em você. Não deixe pra depois algo que assim que o ano acabar, pode acabar também. Eu amo Daniel com a intensidade que você amava A. EXATAMENTE a mesma intensidade.
-Está certo, vou pensar à respeito. Obrigada por me advertir, Mara.

De fato, Mara anda sonhando com Daniel, coisas que ela não consegue explicar. Talvez uma saudade tamanha, contida, encarcerada diante da realidade. Mara quer Daniel e ela sabe disso, eu sei disso. Somos confidentes, amigas, irmãs. Ela me conta tudo o que sente. Mara andou por aí se divertindo, por isso ela diz que o esqueceu. Mas ontem mesmo estava tirando fotos na frente do espelho e me disse algo como: 'queria poder convidar Daniel para tirar estas fotos pra mim, e nós poderiamos fazer amor depois disso. não soa incrível? Sinceramente, não tive muito a responder
-É Mara, talvez. Talvez no papel...

2 comentários:

Larii disse...

CARA, EU ADOREI ISSO! Muuuuita criatividade! ;O
Mas que medinho de vocee, hahaha. Ifluencia do seu livro isso, né? ;p

Anônimo disse...

Muito bom mesmo. Não abandone a Mara, escreva mais sobre ela. Fiquei curioso.