domingo, 21 de fevereiro de 2010

Entender não é lógico.

Nessa mania de dizer verdades rindo, na espontaneidade que faz os outros gargalharem, se fazem ouvir coisas tão íntimas que me repreendo de soltá-las.
-pois pra mim é extremamamente importante.
E vem a núvem do bem-estar, e reunem-se as atenções. Me aconchego nos risos, rindo do meu segredo sem querer revelado. Tarde demais.
Então eu volto aos treze anos, na tentativa incoerente entender de onde surgiu tudo isso. E me lembro de uma menina loira que um dia entrou na minha sala, dizendo que não tinha amigos e nós a acolhemos. E ela nos falava dos caras que beijara, das coisas que tinha feito. Ela dizia 'um dia vocês vão ver como é bom', 'um dia vocês vão entender'. E ela me humilhava, porque eu nunca tinha vivido nada, porque eu nunca tinha sentido outros lábios nos meus. E me ensinou que na solidão as mãos ajudam, que insistindo dá pra alcançar lugares altos (que no fundo passam longe de ser o céu). E eu fui uma ótima aluna. Aquele vazio que sempre existiu em mim, aquele colégio que eu odiava, as pessoas me sufocando com suas ofensas, me machucando. Parecia que eu tinha aprendido como me refugiar, ainda que por simples segundos. E era uma façanha. Porque era bom, era uma das poucas coisas boas na minha vida naquele momento.
A garota loira nos ensinou a nos insinuar, a sair com o intuito de atrair. E acabamos nos envolvimentos chulos, naquele primeiro beijo de qualquer jeito, só pra que ela parasse de nos humilhar. E como eu caminhei! Da solidão pro abismo, e eu dependia cada vez mais das minhas mãos. Ou do que aquilo representava pra mim.
Deve ter sido assim, contraí uma doença sem querer, adquiri um vício sem saber que nunca mais conseguiria largá-lo. Quantas são as vezes que estou entretida e minha mente bagunça, que dificuldade eu tenho de afastar imagens de mim! A experiência me levou pra mais longe ainda. E quantas vezes tive de ouvir que estava ficando louca, quantas vezes ouvi que quiçá tivesse algum problema. A falta me coloca num cárcere insuportável, a existência sempre grita por mais. É mesmo um vício. E hoje eu olho pra garota loira, pra'quilo no que ela se transformou, pela fama que tem nos milhares de colégios (inclusive no meu atual) pelos quais passou. E ouso afirmar que se for doença, ela sofre da mesma. E que não tem a mínima culpa na minha situação. Porque são sintomas incontroláveis, atitudes fora do nosso domínio. No fundo, eu sou fraca. É a única razão que justifica tal influência. Porque droga pra mim é algo que o mundo todo considera, apesar de encoberto de vergonhas, saudável. sexo.

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