domingo, 25 de abril de 2010

Fim-de-demana

Tive um ótimo fim-de-semana. Daqueles em que não dá tempo nem de abrir o material da escola, tempo livre é pra dormir com gosto. Pensei demais. Refleti demais. Em dois dias aprendi muito.

► O cinza dá cor a tudo, o céu é rasgado pela arquitetura secular tão bem imposta no contexto do tempo. Cultura, arte, um concentrado de conhecimento e saber, um berço da liberdade de expressão. Porém as ruas manchadas de sofrimento, as roupas penduradas nos beirais cujas janelas estão estilhaçadas. O abandono extravasando pelos cantos como a espuma do travesseiro jogado na sarjeta. E o olhar do pedinte enfomeado, o perambular desnorteado da menina drogada, o murmúrio que ouço no silêncio dos barracos à beira da avenida. Onde os ladrilhos constroem calçadas, o ser humano é bixo, cachorro com sarnas sem dono e sem fé. Mas onde brilham as lâmpadas fluorescentes, passeia com seus poodles enfeitados, a nata desse leite nem um pouco homogêneo, chamado sociedade. A vida que dobra a esquina não é a mesma que usas as escadas rolantes. E numa bolha, de ilusão, mentira e medo, vivem os afortunados, enquanto pulsa debaixo das pontes a outra parte da vida.
Concentro-me na arte, pois jamais saberei amar uma cidade assim. Em algum outro momento, prometo refletir sobre a exposição de andy wharol e sobre a peça de teatro. O que me veio agora, não passa disso.
sobre são paulo, no sábado.
►Um olhar vago fitando a parede. O líquido escorrendo pelo canto da boca, os membros atrofiados que não mechem mais. A voz que não sai, o sorriso que não vem. O incansável esperar pela morte numa cama reclinável. Porque tantas vidas tem de acabar assim?
E nós nos colocamos diante do santíssimo e gritamos as perguntas que não tem resposta. Vem as lágrimas, o coração aberto, a certeza de que não estamos sós. Bem sabemos que estamos unidos por uma força chamada fé. Mas a fé não responde nossas perguntas, apenas nos faz chorar. E tudo que podemos fazer é deixar que Deus, o nosso Deus, que basta ser sentido por cada um de nós, nos amapre e nos dê força em nossa caminhada. As respostas vem, se vierem, no momento oportuno.
sobre a visita à toca de assis - fraternidade para com ex-moradores de rua em fase terminal, no domingo.
por sorte em meio à tanto pensamento, teve hamburguer, cachorro quente, piadas e abraços.
:")

2 comentários:

Geraldo Neto disse...

huahuaha
E como sempre seus posts são sempre ótimos! Adoro o jeito q vc escreve =]

Parabéns pelas palavras!
Bjussss!

Ana Fontenelle disse...

melhor relato sobre o passeio a são paulo