quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Perdas.

Desde que nascemos, somos forçados a encarar as perdas sem poder desisitir de tudo. Começa lá, no hospital, quando te obrigam a abandonar o conforto da tua mãe pelo tão louvado oxigênio do lado de fora. Chorar não adianta, não. Depois vem a chupeta e a mamadeira, que segundo teus pais é levada por um urso para as crianças carentes. E as fraldas, a cadeirinha do carro, as histórias antes de dormir. Tudo vai ficando pra trás, sem que possamos ao menos dizer que não queriamos que assim fosse. Alguns tem a sorte de passar toda a escola no mesmo lugar, e só experimentam a separação dos primeiros amigos na oitava série. Mas inevitavelmente, ela acontece. E nessa hora a infância já disse adeus, o papai noel já bateu as botas e o coelinho da páscoa já não come mais as cenouras que você costumava deixar na sacada. É então que vai-se a inocência, e vem os desejos, sentimentos confusos e responsabilidades. Você perde seu primeiro beijo pra um cara qualquer, e perde assim aquela ilusão de que seria lindo. Depois perde sua paixão platônica, e perde assim a capacidade de acreditar no amor.
E por esses caminhos perde-se muito mais. Perde-se as tardes de domingo estudando, perde-se o fígado na bebida e o corpo pra muita gente. Alguns parentes vão embora, alguns colegas também. E quando você acha que vai passar, acaba se perdendo pro amor. É um beco, e você está perdido. Vão-se as lágrimas, o apetite, o ânimo e o fôlego. Vai-se a virgindade também, já que tudo se perde. E claro, em algum momento, aquela pessoa desaparece, te deixa à ver navios que não existem e ainda se faz de vítima. Você perdeu um amor.
Bem, se você pensa em se apoiar em teus amigos, saiba que não funciona. Parte deles está indo cuidar da sua vida em algum lugar que com certeza, não é a sala ao lado. Aproveita-se para perder pra uma puxa-saco, a chance de um bom emprego. Perde-se tempo arranjando o que falar pros pais pra ir pra balada, e na última hora, o pão cai com o lado da manteiga virado pra baixo.
Quantas perdas!
Sosseegue, você é terceiro ano e a vida acabou de começar.
Mas eu realmente não queria isso.
Acho que se pudesse, recomeçaria do zero, do zero mesmo.
Mas como não posso, eu choro um pouco antes de dormir.
Sinceramente, não é um bom momento pra dizer: força sempre. Porque tudo aquilo que eu sempre invejei nas pessoas, eu conquistei. Mas isso não me faz feliz...

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