segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Idealismo necessário

Olhe para a criança cuja pele engole os ossos.

Olhe para o homem que das entranhas vomita traças.

Olhe para a mulher de corpo em carne viva.

O que você vê?

Olhe para a criança em febre ardendo.

Olhe para o homem que arrasta seus atrofiados membros.

Olhe para a mulher de rosto em carne viva.

O que você vê?

Olhe para a dor.

Que na imparcialidade não escolhe raça, cor ou opção.

Olhe para a dor.

Que deita lado a lado, o rico e o pobre, o justo e o trapaceiro.

Olhe para a dor,

Que vai despedaçando histórias numa loteria.

Ei, o que você vê?

Eu vejo pássaros iguais a mim,

Mas que a doença a liberdade ao pé da cama amarrou.

Eu vejo pássaros iguais a mim,

Mas que a doença rompeu as asas e as penas arrancou.

Eu vejo o semblante esmigalhado,

Eu ouço pedir ajuda o clamor.

E no mais fundo do meu ser, grita uma voz:

“Porque tu tens assas, é que deves ir”.

“Voa alto e busca a cura.”

“Seja dela percussora e ajuda-os a também voar.”

“Ah sim”, exalto eu.

Hei de infiltrar nos confins do conhecimento

Se isto as feridas cicatrizar.

Hei de a quem falta devolver o sangue que já não corre,

O ar que não mais vem,

As forças que faltam para levantar.

Hei de ter as mãos que unem os vasos rompidos,

Anestesiam os sofrimentos sentidos,

Consertam os corações partidos.

Hei de ser apoio na gloriosa chegada,

E o confortar quando só resta esperar pela partida.

Do próximo, o bem estar, há de ser o maior objetivo;

E seu sorriso, a maior das recompensas.

Hei de ter a sensibilidade como aliada de profissão.

E superar, por uma única razão, os desafios:

Nada há de ser mais gratificante do que as mãos estender,

Lutar pela existência,

Trazer de volta a alegria.

Porque são pássaros iguais a mim

É que hei de consertar as asas rompidas,

Tão logo faça medicina,

Medicina por amor a vida.

Um comentário:

Larii disse...

ooown, eu AMOO essa *-*

muito, muito linda ;')