quarta-feira, 4 de maio de 2011

Por que?

Lembro bem, com todas as expressões, todos os olhares, todas as tentativas de parecer 'gente boa'. Naquela mesa, naquele bar, naquela atmosfera de primeiro encontro. Eu não sabia o que estava fazendo ali. Olhava pra você, pro seu sorriso sem graça, pro seu jeitinho de tentar me agradar e não via nada. Tentava me convencer de que te achava bonito, bacana. Mas no fundo era só uma convicção pra tentar aproveitar o momento. O enredo, o contexto; isso era atraente. Mas você...o que é que eu via em você? Absolutamente nada. E em meio a tantos risos, tantos assuntos desconexos, tantas tentativas mútuas de enxergar alguma coisa no outro, minha cabeça girava. Porque é que o destino me colocara ali? Porque é que estava sendo obrigada a olhar pra você e tentar achar as pessoas que já se foram?
Eu podia ter ido embora. Podia ter agradecido a bebida, agradecido a noite que você sabe o quão estranha foi. Não só podia como deveria tê-lo feito. O que você era ali? Não sei, uma coisa qualquer, indiferente.
Nesta análise da história, percebo o quão incapaz sou de controlar minhas intuições. Bola de cristal? Previsão futurística? Não...difícil explicar. Eu podia ter ido embora quando ainda não sentia nada, nadinha. Mas eu não fui! Tola! Ingênua?! Talvez tenha me sentido desafiada. Ninguém age assim comigo, não tenho nada de errado. Narcisismo. Ou talvez aquela ingenuidade escondida bem lá no fundo...e se...e se for essa a oportunidade?
Não quero contar o que veio depois. Não quero assumir que o tempo me mostrou o quanto você podia ser bom pra mim. Quanto tempo a gente se esforçava em vão pra se despedir quando você me levava pra casa. Quanto a gente ficava no telefone, falando nada, e quando a bateria acabava, esperava vinte minutos e ligava pro outro de novo. E como era engraçado aquela coisa que coçava na barriga quando te via sorrir pra mim; esperava você sarar pra poder te ver.
Não quero admitir que deixei você me mostrar tanta coisa. Como eu me sentia bem em saber que tudo ia terminar e íamos dormir juntos, pelo menos até o despertador tocar. Pra depois desligá-lo e continuar abraçados. Ah, eu não quero admitir.
Não quero admitir o quanto gostava de tudo que envolvia nós dois, juntos.
Gosto dos pensamentos romanticozinhos de que talvez você fosse meu número. Por que é que encaixava certinho, sem faltar nada, sem sobrar nada. Por que é que eu gostava tanto de poder morder a sua orelha sem ficar na ponta dos pés?

Quero distância da promiscuidade, dos meus vestidos curtos e das insinuações. Não quero mais tentar ser o que não sou, fingir que sou forte. Não quero os affairs, o começo meio e fim, pragmático, combinado. Gostava do acaso, do talvez, do aqui e agora. Gostava do carinho, do aconchego, do cobertor laranja. Porque é que encaixava certinho, sem faltar nada, sem sobrar nada. Por que é que eu ostava tanto de poder morder a sua orelha sem ficar na ponta dos pés? Por que?
Ah, eu te queria de volta...

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá,
Moça.
Teu estilo me agrada, gosto da forma que escreve.
No fim de tudo pensar em porquês não resolve nada, as grandes respostas surgem de forma desprenciosa.
Nos teus porques vejo que sente saudade de algo passou, no caminho desta longa jornada que alguns chamam de vida,as pessoas que passam por nós, agente sempre acha que tudo vai ser para sempre.No fim tudo passa, quando passar o que vale é não sentir o vazio, que o coração se encha de amor ou qualquer definição que seja melhor que saudade.
Irei ler teu blog com calma, depois te passo o meu se tiver interesse, até breve!